Por Jayme Sirotsky
Presidente Emérito do Grupo RBS, presidente do Instituto Jama, ex-presidente da WAN-IFRA - World Association of News Publishers
Passei uma parte importante de minha vida defendendo as liberdades individuais, em especial a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa. E venho seguindo, como todos os meus contemporâneos, a rápida evolução das formas de produção e distribuição das informações. As transformações são tão velozes que temos dificuldade de acompanhá-las na intensidade em que ocorrem. Nesse contexto, estamos hoje confrontados com uma nova, fascinante e desafiadora realidade, que inclui, entre tantos avanços, a inteligência artificial generativa – com as dúvidas que todos temos sobre para onde ela vai nos levar.
No meu entendimento, o melhor antídoto para os males da alienação continua sendo a educação
Nesse debate, que inclui alertas de toda ordem, tentativa de regulamentação por meio de projeto de lei e de censura por parte de autoridades, e até uma surpreendente proposta de pausa nas pesquisas formulada, entre outros, pelos próprios pesquisadores, todas as vozes devem ser ouvidas. Mas não pode haver retrocessos, o mundo não gira para trás. As novas ferramentas estão aí, o que nos cabe agora é conviver com elas e encontrar caminhos para que sejam utilizadas para o bem.
As transformações rápidas confundem e desestabilizam. Nesse cenário de inovações frenéticas, está cada vez mais difícil distinguir as falsas informações da realidade dos fatos. É aí que entra o jornalismo profissional, exercido por pessoas capacitadas a operar a informação com técnica, ética e responsabilidade, de modo a transferir à sociedade os conteúdos que mais se aproximam da verdade dos fatos. Mas há um novo desafio: como alcançar indivíduos enfeitiçados pela pirotecnia dos meios digitais, iludidos pela desinformação e, em alguns casos, envenenados pelos discursos de ódio?
No meu entendimento, o melhor antídoto para os males da alienação continua sendo a educação. Mesmo que leve algum tempo, é a educação que nos capacitará para a tomada de decisões sensatas, para as boas relações com nossos semelhantes, para a colaboração e para o progresso coletivo. É ela que nos habilitará a escolher bons governantes e representantes políticos dignos. É ela, também, que nos ajudará a conviver com as novas tecnologias e a restabelecer em nosso país o convívio civilizado, indispensável para a construção de um futuro melhor para todos os brasileiros. A educação é o passaporte para a liberdade.