Investigadores anticorrupção sul-coreanos obtiveram, nesta terça-feira (7), nova ordem de prisão do presidente destituído Yoon Suk-yeol, cuja tentativa de promulgar a lei marcial mergulhou o país em uma grave crise política.
Yoon, ex-promotor de Justiça, recusou-se em três ocasiões a ser interrogado sobre a lei decretada em dezembro do ano passado e permanece trancado na residência oficial, cercado por centenas de membros da guarda presidencial que impediram sua prisão.
A nova ordem foi expedida pelo mesmo tribunal que emitiu a primeira, que expirou na segunda-feira (6).
O órgão de investigação da corrupção, que conduz o caso, não informou a validade do atual mandado, após um primeiro de sete dias.
Seus agentes tentaram prender Yoon na sexta-feira (3) e entraram em sua residência em Seul, mas centenas de membros dos serviços de segurança presidencial impediram a execução da ordem.
Se os investigadores conseguirem prender Yoon, ele será o primeiro presidente em exercício na história da Coreia do Sul a ser preso. Mas os agentes responsáveis pelo caso teriam apenas 48 horas para interrogá-lo. Caso queiram prolongar a prisão, devem solicitar uma nova ordem.
Yoon é investigado sob a acusação de "insurreição" e, se for condenado, poderá pegar pena de prisão ou até mesmo pena de morte.
Seus advogados insistem que o primeiro mandado de prisão era "ilegítimo" e prometeram tomar medidas legais.
O chefe do órgão anticorrupção, Oh Dong-woon, pediu desculpas nesta terça-feira por não ter prendido Yoon.
— Devo expressar minhas sinceras desculpas pelo descumprimento da execução do mandado de prisão devido às medidas de segurança tomadas pelos serviços presidenciais — disse aos deputados na Assembleia Nacional.
Este órgão dedicado à investigação da corrupção de autoridades foi criado há menos de quatro anos e conta com menos de cem membros.
— Naturalmente, eles não têm experiência anterior em detenções, ainda não falamos sobre algo tão importante como prender o presidente — disse o presidente da Sociedade Democrática de Advogados, Yun Bok-nam.
Em outra frente judicial desta saga, o Tribunal Constitucional sul-coreano marcou o início do julgamento de destituição de Yoon para 14 de janeiro e poderá ser realizado à revelia se o presidente suspenso não comparecer.
O parlamento sul-coreano votou pelo impeachment de Yoon do cargo e agora este tribunal deve determinar, no prazo de 180 dias, se o confirma ou o devolve ao cargo.
Os ex-presidentes Roh Moo-hyun e Park Geun-hye nunca compareceram aos julgamentos de impeachment, realizados respectivamente em 2004 e 2016.
A imprensa local informou que Yoon provavelmente compareceria no primeiro dia do julgamento, mas seu advogado disse à AFP que sua presença ainda não foi decidida.
Um deputado da oposição, Youn Kun-young, denunciou que a residência de Yoon estava "se transformando em uma fortaleza" e afirmou que os guardas estavam instalando arame farpado e barricadas para veículos.
Além disso, muitos apoiadores do líder conservador acamparam do lado de fora, apesar das temperaturas congelantes do inverno de Seul.