O candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, retoma a campanha eleitoral nesta terça-feira (17), dois dias após um suposto segundo atentado contra ele, pelo qual responsabilizou a rival Kamala Harris, ao considerar que a democrata incita a violência contra ele.
Na segunda-feira (16), o bilionário declarou que o suspeito do novo ataque "acreditou na retórica" do presidente Joe Biden e de Kamala, "e agiu em consequência" do discurso dos democratas.
— Devido a essa retórica da esquerda comunista, as balas voam, e isso só vai piorar — declarou Trump.
O bilionário participará nesta terça de um comício em Flint, uma cidade afetada pela crise do setor automotivo e tristemente conhecida por um enorme escândalo de contaminação da água potável com chumbo.
Trump e Kamala percorrem os Estados-chave, nos quais aparecem empatados nas pesquisas ou com uma vantagem muito ligeira para a democrata.
Em entrevista divulgada nesta terça-feira, Kamala, 59 anos, se disse "agradecida por ele estar bem".
— A violência política de qualquer tipo é inaceitável. Eu a condeno — declarou a vice-presidente a uma rede de emissoras de rádio da comunidade hispânica.
"Orçamentos apertados"
Durante a entrevista, Kamala detalhou medidas que podem atrair o eleitor latino, muito preocupado principalmente com questões financeiras.
— Mais de 25% das famílias latinas estão com os orçamentos apertados para comprar comida — reconheceu.
A democrata prometeu que, se vencer, combaterá o aumento dos preços das grandes empresas "que estão se aproveitando", construirá 3 milhões de novas casas, concederá auxílios para a compra da primeira moradia, reduzirá impostos para a abertura de negócios e ampliará o crédito fiscal por filho.
— Eu serei a presidente para todos os americanos. Não há espaço para ódio e divisão em nosso país — disse, reiterando que é hora de "virar a página da última década de políticas de divisão e extremismo", que, segundo ela, Trump promove.
Kamala viajará nesta terça-feira para a Pensilvânia, um dos Estados mais disputados nas eleições, para um evento com a Associação Nacional de Jornalistas Negros (NABJ).
A vice-presidente baseia seu programa em poucos pontos: a promessa de uma "nova geração" e um "novo caminho" para o país, uma economia centrada na classe média e a proteção das liberdades fundamentais, incluindo o direito ao aborto.
Também nesta terça, Kamala condenou as leis restritivas sobre interrupção voluntária da gravidez nos Estados Unidos, após a publicação de um artigo do meio ProPublica sobre a morte de uma mulher de 28 anos na Geórgia porque não lhe fizeram uma curetagem a tempo.
— Essa jovem mãe deveria estar viva, criando seu filho e correndo atrás de seu sonho de estudar enfermagem — afirmou.
Segundo o ProPublica, que consultou documentos confidenciais, esta é a primeira morte "evitável" desde que em 2022 a Suprema Corte, com maioria conservadora, principalmente desde o mandato de Trump, deixou a cargo de cada Estado legislar sobre o direito ao aborto.
Tensão extrema
A tensão em torno da campanha, por si só fora do comum, aumentou no domingo (15).
Donald Trump já havia sobrevivido em julho a uma tentativa de assassinato, quando um homem armado abriu fogo contra ele durante um comício na Pensilvânia.
No domingo à tarde, o republicano estava no campo de seu clube de golfe na Flórida quando vários agentes do Serviço Secreto "abriram fogo contra um homem armado" que estava próximo ao local. Trata-se de Ryan Routh, um americano de 58 anos.
Routh estava armado com um fuzil com mira telescópica e um equipamento de gravação de vídeo, mas, segundo a polícia, não disparou contra Trump. O homem fugiu do local, mas foi preso pouco depois.
— De repente ouvimos tiros, acho que quatro ou cinco, e pareciam balas — relatou Trump na segunda-feira, durante uma entrevista na plataforma X para falar de seu novo projeto de criptomoedas.