Na tarde deste sábado (13), o ex-presidente e candidato republicano à Casa Branca Donald Trump foi retirado às pressas de um comício eleitoral que fazia, nos Estados Unidos.
Na ocasião, foram ouvidos disparos e o político, depois de colocar a mão na orelha direita, se abaixou rapidamente atrás do palanque em que discursava. Instantes depois, Trump foi cercado por agentes do Serviço Secreto e já apareceu com sangue na orelha.
Onde e quando foi
O atentado ao ex-presidente Donald Trump ocorreu na cidade de Butler, na Pensilvânia, no nordeste dos Estados Unidos, por volta das 18h15min (horário local) deste sábado (13). Na ocasião, o político estava discursando para apoiadores durante sua campanha eleitoral pela Casa Branca.
O atirador
O atirador foi identificado pelo FBI como Thomas Matthew Crooks, um jovem de 20 anos de Bethel Park, Pensilvânia, segundo informações do jornal The New York Times.
Comunicado do porta-voz do Serviço Secreto, Anthony Guglielmi, destacou que o autor dos disparos que atingiram Trump atirou "em direção ao palco de uma posição elevada", sendo considerado, portanto, um franco-atirador.
Ainda conforme o The New York Times, o atirador não tinha registros criminais na Justiça. Segundo o portal G1, a polícia recuperou um fuzil AR-15 semiautomático no local do atentado, que o FBI confirmou ter sido comprado por Matthew Crooks, pai do atirador. Ainda não se sabe se ele sabia da ação do filho.
Segundo o FBI, ele vivia no distrito de Bethel Park, na Pensilvânia. A região onde Crooks morava fica a cerca de 70 km de Butler, onde acontecia o comício de Trump.
Conforme o portal G1, o FBI acredita que o atirador agiu sozinho, mas investiga se outras pessoas participaram do crime.
Ainda segundo a reportagem, o sistema de votação eleitoral da Pensilvânia aponta que Crooks estava registrado como "republicano", mas ele teria feito uma doação de US$ 15 a um comitê progressista que apoia os democratas no dia em que Joe Biden foi empossado presidente, em 2021.
Thomas Crooks, segundo o G1, se formou em 2022 na Bethel Park High School, e recebeu um prêmio de US$ 500 da Iniciativa Nacional de Matemática e Ciências, segundo a mídia norte-americana.
O pai do atirador disse à CNN que estava tentando descobrir o que aconteceu e que iria conversar com as autoridades antes de falar com a imprensa.
O posicionamento do porta-voz do Serviço Secreto, ainda, afirma que o atirador estava "de fora do local do comício". Guglielmi também acrescentou que o suspeito dos disparos foi "neutralizado" na sequência.
Mortos e feridos
Duas pessoas morreram durante o atentado — um espectador do comício e o próprio atirador. O Serviço Secreto afirmou, em comunicado, que duas pessoas ficaram feridas e o caso está sendo investigado como "tentativa de assassinato".
A vítima fatal foi identificada como Corey Comperatore, ex-chefe do corpo de bombeiro da região de Butler, na Pensilvânia. A informação foi confirmada pelo governador do estado, Josh Shapiro, em coletiva de imprensa na manhã deste domingo (14). Ele deixa a esposa e duas filhas.
— Corey morreu como um herói. Ele mergulhou na frente de sua família para protegê-los dos disparos ontem — disse Shapiro.
Os ferimentos de Trump, até o momento, não foram especificados. O porta-voz da campanha do republicano informou que o político "está bem" e foi encaminhado para um centro médico local.
De acordo com o Bloomberg, o republicano deixou o hospital no final da noite de sábado.
O que diz Trump
O republicano, por meio de uma mensagem em sua rede social, a Truth Social, relatou como foi o ataque: "Nada se sabe ainda sobre o atirador, que está morto. Fui atingido por uma bala que perfurou a parte superior da minha orelha direita. Eu sabia que havia algo de errado no momento que ouvi um som de assobio, disparos e imediatamente senti a bala rasgando a minha pele. Vi muito sangue, e então percebi o que estava acontecendo. Deus abençoe a América."
Além disso, Trump mandou as suas condolências aos familiares dos espectadores, um morto e um ferido, e expressou gratidão pela rapidez do Serviço Secreto ao agir logo após os disparos.
Retorno a New Jersey
No início da madrugada deste domingo (14), algumas horas após o atentado sofrido na Pensilvânia, Trump desembarcou no aeroporto de Newark, em New Jersey. O ex-presidente dos Estados Unidos desceu de seu jatinho particular cercado de agentes do Serviço Secreto dos EUA.
Em um vídeo publicado por um dos assessores, o republicano acena para funcionários que estavam presentes no momento do desembarque. Conforme a imprensa norte-americana, o ex-presidente passou a noite em seu clube particular de golfe, nas proximidades de Bedminster, em New Jersey.
Telefonema de Joe Biden
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, conversou por telefone com Donald Trump após o atentado sofrido pelo republicano. A informação foi confirmada pela Casa Branca, que não revelou detalhes sobre a conversa entre os concorrentes à presidência dos Estados Unidos.
Ainda no sábado (13), dia do atentado, Biden utilizou o X (antigo Twitter) para se manifestar pela primeira vez sobre o atentado ao seu concorrente. "Não há lugar para esse tipo de violência na América", escreveu em trecho da publicação.
Histórico de atentados contra presidentes
O atentado contra Donald Trump, ex-presidente e candidato republicano à Casa Branca, é mais uma marca na história de atentados contra presidentes e candidatos a este cargo nos Estados Unidos.
Reportagem de O Estado de S. Paulo fez uma retrospectiva dos casos que envolvem a morte de quatro presidentes.
Atentados contra candidatos à presidência
- Theodore Roosevelt: foi baleado em Milwaukee em 1912, durante campanha para retornar à Casa Branca depois de ter sido presidente por dois mandatos. O impacto da bala disparada teria sido amortecido por papéis dobrados e o estojo de um óculos que o candidato tinha num bolso. Roosevelt não teve ferimento grave. O atirador, John Schrank, passou o resto de sua vida em hospitais psiquiátricos.
- George C. Wallace: o democrata foi baleado em Maryland, em 1972. Ele ficou paralisado da cintura para baixo. Governador do Alabama, era conhecido por suas ideias segregacionistas, das quais mais tarde se retratou.
Arthur Bremer foi condenado pelo atentado e sentenciado à prisão, sendo libertado em 2007.
Morte de candidato à presidência
- Robert F. Kennedy: concorria à candidatura presidencial democrata. Foi assassinado em um hotel de Los Angeles, logo depois de fazer seu discurso de vitória por ter vencido as primárias da Califórnia em 1968. Ele era senador por Nova York e irmão do presidente John F. Kennedy, que havia sido assassinado cinco anos antes. O matador, Sirhan Sirhan, foi condenado por assassinato e sentenciado à morte. A pena foi trocada por prisão perpétua.
Presidentes mortos
- Abraham Lincoln, o 16º presidente: foi o primeiro presidente americano a ser assassinado, em 14 de abril de 1865. Ele e a esposa assistiam a uma apresentação especial da comédia Our American Cousin no Teatro Ford, em Washington. Ele levou um tiro na nuca e morreu na manhã seguinte. O motivo do assassinato teria sido seu apoio aos direitos de pessoas negras. O autor do crime, John Wilkes Booth, foi morto a tiros em 26 de abril de 1865, após ser encontrado escondido em um celeiro na Virgínia.
- James Garfield, o 20º presidente: segundo presidente dos Estados Unidos a ser assassinado. Seis meses após sua posse, em 2 de julho de 1881, ele passava por uma estação de trem em Washington quando foi alvejado. Muito ferido, Garfield permaneceu na Casa Branca por várias semanas, mas morreu em setembro, após ser transferido para a costa de Nova Jersey. O criminoso, Charles Guiteau, foi condenado e executado em junho de 1882.
- William McKinley, o 25º presidente: foi baleado após fazer um discurso em Buffalo, Nova York, em 6 de setembro de 1901. Um homem atirou duas vezes em seu peito à queima-roupa. McKinley morreu em 14 de setembro de 1901, seis meses após iniciar seu segundo mandato. Leon F. Czolgosz admitiu ter disparado. Ele foi condenado e sentenciado à morte na cadeira elétrica em 29 de outubro de 1901.
- John F. Kennedy, o 35º presidente: foi baleado por Lee Harvey Oswald enquanto visitava Dallas, em novembro de 1963. Ele morreu no hospital. Foi sucedido pelo vice-presidente Lyndon B. Johnson, empossado em uma sala de conferências a bordo do avião presidencial Air Force One. Oswald foi morto a tiros quando estava sendo transferido da delegacia para a cadeia do condado.
Atentados contra presidentes
- Franklin D. Roosevelt, o 32º presidente: tiros foram disparados quando Roosevelt acabava de fazer um discurso em Miami um carro aberto, em fevereiro de 1933. Roosevelt não ficou ferido, mas o prefeito de Chicago, Anton Cermak, morreu. Guiseppe Zangara foi condenado e sentenciado à morte pelo atentado.
- Harry S. Truman, o 33º presidente: estava hospedado na Blair House, do outro lado da rua em frente à Casa Branca, em novembro de 1950, quando dois homens armados invadiram a casa. Ele não se feriu, mas um policial e um dos criminosos morreram. Dois policiais ficaram feridos. Oscar Callazo foi preso e condenado à morte. Teve a pena trocada para prisão perpétua e foi libertado em 1979 pelo presidente Jimmy Carter.
- Gerald Ford, o 38º presidente: foi alvo de duas tentativas de assassinato, em 1975, e não foi ferido em nenhuma delas. Na primeira tentativa, ele estava a caminho de uma reunião quando Lynette “Squeaky” Fromme, discípula de Charles Manson, abriu caminho entre uma multidão e apontou uma pistola para Ford. A arma não disparou. Dias depois, outra mulher disparou contra ele, mas errou.
- Ronald Reagan, o 40º presidente: em março de 1981, Reagan estava saindo de um discurso em Washington D.C. e dirigindo-se à sua caravana quando foi baleado por John Hinckley Jr. Reagan se recuperou. Três pessoas ficaram feridas, incluindo seu secretário de imprensa, James Brady, que ficou parcialmente paralisado.
Hinckley foi internado em um hospital psiquiátrico após um júri declará-lo inocente por motivo de insanidade. - George W. Bush, o 43º presidente: em 2005, Bush participava de um comício em Tbilisi, na Geórgia, com o presidente georgiano Mikhail Saakashvili, quando uma granada de mão foi lançada contra ele. Eles estavam atrás de uma barreira à prova de balas, mas a granada não explodiu. Vladimir Arutyunian foi condenado e sentenciado à prisão perpétua pelo atentado.
Políticos prestam solidariedade
Políticos do mundo inteiro se manifestaram sobre o atentado sofrido por Donald Trump, candidato à presidência dos Estados Unidos. Em mensagens no X (antigo Twitter), os políticos declararam apoio ao republicano.
"Inaceitável", foi como o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, classificou o episódio. Lula fixou a mensagem no topo de seu perfil no X.
Ex-presidente da República e admirador de Trump, Jair Messias Bolsonaro definiu o republicano como o "maior líder mundial do momento.
Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos desejou uma rápida recuperação para Donald Trump e expressou que "não há espaço para violência política".
Para Javier Milei, presidente da Argentina, o atentado contra Trump foi um ato "covarde". Em publicação no X, além de manifestar apoio ao candidato norte-americano, Milei ainda realizou acusações a movimentos políticos de esquerda.
*Matéria em atualização.