O ex-congressista republicano de origem brasileira George Santos, destituído por falsificar seu currículo, tem a intenção de se declarar culpado de fraude e lavagem de dinheiro, entre outros crimes, para evitar ir a julgamento a partir do dia 9 de setembro, segundo a imprensa americana.
Até agora, Santos havia se declarado inocente das 23 acusações feitas pela promotoria, mas fontes informadas sobre o caso afirmam que se espera que ele admita sua culpa durante audiência no tribunal federal de Islip, no leste de Nova York, conforme noticiado por meios de comunicação locais.
Sua declaração de culpabilidade evitaria que ele fosse a julgamento, previsto para começar em 9 de setembro. Os advogados do ex-congressista por Nova York não responderam a uma solicitação de informação da AFP.
Filho de imigrantes brasileiros, Santos, 36 anos, se apresentou como a "nova cara do Partido Republicano" e construiu uma figura de candidato nas eleições legislativas de novembro de 2022, baseada em mentiras sobre sua educação, religião, experiência profissional, bens e salários.
Ele chegou a falsificar sua história familiar, afirmando ser descendente de judeus sobreviventes do Holocausto que fugiram da barbárie nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
Uma investigação realizada pelo jornal The New York Times, quando ele já estava no Congresso dos EUA, revelou suas mentiras.
Entre os crimes pelos quais Santos é acusado estão fraude eletrônica, lavagem de dinheiro, apropriação indevida de fundos públicos e mentir ao comitê eleitoral federal.
Segundo a promotoria, Santos enganou doadores de sua campanha ao transferir dinheiro para sua própria conta e usá-lo para pagar dívidas pessoais, comprar roupas de grife ou fazer pagamentos com os cartões de crédito de seus próprios apoiadores sem autorização.
Ele também é acusado de receber benefícios de desemprego aos quais não tinha direito durante a pandemia de coronavírus, antes de sua eleição.
Em dezembro passado, a Câmara dos Representantes expulsou o republicano, tornando-o o sexto congressista a ser obrigado a abandonar seu cargo na história da instituição.
A comissão de ética da Câmara o acusou de ter "desacreditado gravemente" o órgão legislativo.
Sua ex-tesoureira de campanha, Nancy Marks, se declarou culpada no ano passado por manipular os registros financeiros da campanha em coordenação com Santos, incluindo a declaração fraudulenta de um empréstimo fictício de 500 mil dólares (R$ 2,73 milhões, na cotação atual) que Santos afirmou ter feito à sua campanha.
O ex-congressista compareceu no início desta semana a uma audiência no tribunal para finalizar os preparativos para o julgamento.
O tribunal convocou cerca de 800 candidatos para compor o júri, e os promotores anunciaram que reuniram cerca de 30 testemunhas.