Centenas de pessoas protestam, nesta segunda-feira (29), em bairros populares de Caracas contra a contestada reeleição do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, constataram jornalistas.
— E vai cair, e vai cair, este governo vai cair! — gritavam, debaixo de chuva, manifestantes na gigantesca favela de Petare, a maior de Caracas. — Entregue o poder já! — exclamavam outros.
Os lemas foram entremeados pelo "Liberdade, liberdade!", que caracterizou a campanha da oposição, que não reconheceu a reeleição de Maduro e denunciou uma fraude nas eleições presidenciais de domingo.
Vários países, inclusive Brasil, Colômbia e Estados Unidos, também questionaram a eleição.
Os manifestantes, jovens em sua maioria, também queimaram cartazes de campanha com o rosto de Maduro. Eles levavam bandeiras, panelas e instrumentos de percussão para acompanhar os gritos de protesto.
— Fechamos os negócios e começamos a protestar, nos sentimos decepcionados, isto não reflete a realidade, nós votamos contra Nicolás — disse, revoltada, Carolina Rojas, uma comerciante de 21 anos.
— Saímos (às ruas) porque houve fraude. Estão chamando o Exército, mas é preciso protestar — disse outro manifestante, que se identificou apenas como David, de 40 anos.
Em Catia, outro setor popular do outro lado da cidade, foi registrada outra manifestação, acompanhada de perto por policiais e pela tropa de choque da Guarda Nacional.
Os protestos começaram pela manhã e foram subindo o tom ao longo do dia.
Paralelamente, Maduro foi proclamado oficialmente pelo Conselho Nacional Eleitoral, de viés governista. Segundo o primeiro boletim, Maduro venceu o pleito com 51% dos votos sobre Edmundo González, candidato da principal coalizão opositora da Venezuela, com 44%.
— Que ninguém vá tentar bagunçar o país. (...) Paz para a Venezuela — disse Maduro, no poder desde 2013, que havia alertado para um "banho de sangue" caso a oposição ganhasse as eleições.