Uma pessoa morreu nesta sexta-feira (19) no centro de Tel Aviv em um ataque com drone reivindicado pelos huthis do Iêmen, um movimento rebelde aliado do Irã e com sua base a 2 mil quilômetros de distância de Israel.
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, prometeu que acertará contas "de forma decisiva e de surpresa" com os responsáveis pelo ataque, que deixou quatro feridos.
O exército israelense informou que no ataque foi utilizado um drone muito grande, capaz de percorrer longas distâncias.
O dispositivo foi detectado pelo exército, mas "uma falha humana" impediu o acionamento dos sistemas de interceptação e defesa, informou uma fonte militar à imprensa.
"Nenhuma sirene de alerta foi acionada", afirmou o exército. A Força Aérea ampliou as operações para "proteger o espaço aéreo israelense".
— Segundo os primeiros elementos da investigação e as conclusões preliminares sobre o ataque, executado antes do amanhecer, seria um drone de fabricação iraniana que acreditamos ter sido lançado a partir do Iêmen — declarou o contra-almirante israelense Daniel Hagari em uma entrevista coletiva.
Os huthis, aliados do Hamas, reivindicaram o ataque, que apresentaram como "uma operação militar qualitativa" direcionada contra "alvos importantes na área ocupada de Jafa, conhecida em Israel com o nome de Tel Aviv", afirmou o porta-voz militar do grupo rebelde, Yahya Saree.
A explosão atingiu um prédio próximo a um anexo da embaixada dos Estados Unidos, segundo um correspondente da AFP. Um homem de 50 anos foi encontrado morto em seu apartamento, informou a polícia. A vítima foi atingida por estilhaços.
O Magen David Adom, o serviço de emergência israelense, informou que prestou atendimento a um homem e uma mulher feridos em sua casa e outros dois feridos na rua. As quatro pessoas foram levadas para o hospital com ferimentos "relativamente leves".
Huthis em campanha
O ataque aconteceu mais de nove meses após o início da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza, que complicou ainda mais a situação no Oriente Médio.
Os huthis, que governam parte do Iêmen, executaram vários ataques contra navios no Mar Vermelho e no Golfo de Aden nos últimos meses.
Ao menos 88 navios foram atingidos, de acordo com o centro de pesquisas 'Washington Institute for Near East Policy', o que forçou várias empresas de navegação a evitar o Mar Vermelho e levou o Canal de Suez a sofrer uma perda de receitas de 23,4% no ano fiscal de 2023- 2024.
O grupo rebelde afirma que atua em solidariedade com os palestinos de Gaza. No sábado passado, os huthis alertaram que "não hesitariam em ampliar suas operações militares (...) até o fim da agressão" no território cercado por Israel.
Os huthis já reivindicaram ataques contra a cidade israelense de Eilat, perto do Mar Vermelho, mas o ataque desta sexta-feira é a primeira operação confirmada contra a megalópole de Tel Aviv.
"A operação foi executada com um novo drone denominado 'Jafa', capaz de evitar os sistemas de interceptação do inimigo e indetectável para os radares. Atingiu os alvos com sucesso", acrescentou o porta-voz militar huthi.
Combates prosseguem em Gaza
O atual conflito em Gaza começou em 7 de outubro, quando terroristas do Hamas e de outros grupos palestinos mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, de acordo com um levantamento com base em dados oficiais israelenses.
O exército israelense calcula que 116 pessoas permaneçam em cativeiro em Gaza, incluindo 42 que estariam mortas.
Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva que já matou mais de 38 mil pessoas em Gaza, também em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas.
Nesta sexta-feira, testemunhas relataram confrontos entre combatentes palestinos e soldados israelenses. Também foram ouvidas explosões e disparos de artilharia em Tal al Hawa, bairro da Cidade de Gaza, norte da Faixa.
Os huthis integram o chamado "eixo de resistência", hostil aos Estados Unidos e a Israel no Oriente Médio, ao lado do Irã, do regime da Síria, do movimento libanês Hezbollah, do Hamas e da Jihad Islâmica palestinos e das milícias xiitas do Iraque.
* AFP