Israel e Hamas podem iniciar na próxima segunda-feira (4) uma trégua que seguiria em vigor durante o Ramadã — período sagrado para o islamismo, celebrado entre março e abril —, revelou, durante agenda em Nova York para entrevista a programa de TV, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que também mencionou a possibilidade de um acordo que incluiria a libertação de dezenas de reféns na Faixa de Gaza.
A medida está sendo negociada com a mediação de Egito, Catar, Estados Unidos, França e outros países, que buscam um cessar-fogo de seis semanas e a libertação dos reféns israelenses sequestrados em Gaza desde os ataques do Hamas em 7 de outubro, que provocaram o início da guerra. O acordo poderia incluir também a libertação de centenas de palestinos detidos em penitenciárias de Israel.
— Minha esperança é que tenhamos um cessar-fogo na próxima segunda-feira — respondeu Biden ao ser questionado por jornalistas sobre um acordo durante uma viagem a Nova York.
— Estamos perto, não estamos lá ainda — disse.
Pouco depois, ele declarou que um acordo "em princípio" está ao alcance para uma trégua que se estenderia durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã, que começa em 10 ou 11 de março, dependendo do país.
— O Ramadã está perto e há um acordo com os israelenses de que não realizarão nenhuma atividade durante o Ramadã para nos dar tempo de retirar todos os reféns — disse Biden em uma entrevista ao programa Late Night do apresentador Seth Meyers, no canal NBC.
Uma fonte do governo israelense declarou ao portal de notícias Ynet que "a direção é positiva".
O governo da França anunciou a visita a Paris, na terça e quarta-feira, do emir do Catar, Tamim ben Hamad Al Thani, que teve papel crucial na mediação da primeira trégua, em novembro.
A guerra começou em 7 de outubro, quando terroristas do Hamas invadiram Israel e mataram 1,16 mil pessoas, a maioria civis, segundo um balanço baseado em dados divulgados pelas autoridades israelenses. Também foram sequestradas 250 pessoas: 130 continuam retidas no território palestino. A resposta de Israel foi uma ofensiva aérea e terrestre que deixou 29.878 mortos em Gaza, incluindo mulheres, adolescentes e crianças, segundo o Ministério da Saúde do território controlado desde 2007 pelo Hamas.
Ação em Rafah
Apesar das negociações e da pressão internacional, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que uma trégua poderia atrasar, mas não impedir, a operação terrestre em Rafah, no sul do território. O premiê afirmou que a ação seria necessária para obter uma "vitória total" contra o Hamas.
O gabinete do chefe de Governo anunciou na segunda-feira que o Exército apresentou um plano para retirar os civis refugiados em Gaza. Na entrevista para Seth Meyers, Biden afirmou que Israel "se comprometeu" a evacuar diversas áreas de Rafah, antes de atacar "o que resta do Hamas".
O presidente americano, no entanto, fez algumas ressalvas. Ele disse que a "única forma de Israel sobreviver" passa por um acordo que garanta "paz e segurança a israelenses e palestinos".
Também afirmou que se Israel continuar com este "governo tão incrivelmente conservador que tem", sob o comando de Netanyahu, "perderá apoios no mundo".
A guerra deixou o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, que tem um poder limitado na Cisjordânia ocupada, em uma situação delicada. Na segunda-feira, o governo da Autoridade Palestina apresentou sua renúncia a Abbas, que é muito criticado por sua "impotência" diante dos bombardeios israelenses em Gaza e do aumento da violência no território que controla.
Abbas aceitou a renúncia, em um cenário de crescente pressão para uma reforma na liderança política palestina visando o "pós-guerra" de Gaza.