O prazo para trégua de quatro dias entre Israel e Hamas iniciou oficialmente nesta sexta-feira, às 7h locais (2h no horário de Brasília). O cessar-fogo temporário consta no acordo firmado nesta semana que deverá permitir a libertação de reféns mantidos pelo movimento islâmico.
Para a tarde desta sexta-feira (por volta de 11h, em Brasília), está prevista a libertação dos primeiros 13 reféns mantidos pelo Hamas — de um total de 50. Os reféns devem ser trocados por 150 prisioneiros palestinos que estão em Israel, de acordo com as condições do pacto mediado por Catar, Egito e Estados Unidos.
Minutos depois de o prazo para trégua temporária ter iniciado, as Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram que sirenes de alerta para possível ataque foram acionadas em região próxima à Faixa de Gaza. Até a publicação desta reportagem, nenhuma ocorrência havia sido confirmada. Cerca de 30 minutos antes, sirenes também teriam soado no kibutz Nir Oz, comunidade perto da Faixa de Gaza.
Até o último momento antes do prazo iniciar, hostilidades persistiram em Gaza. Um médico do hospital Al Awda disse que ao menos 27 pessoas morreram e 93 ficaram feridas em um bombardeio sobre uma escola da Organização das Nações Unidas (ONU) na área de Jabalia, no norte da Cidade de Gaza, no dia anterior ao início da trégua.
A agência de notícias AFP não conseguiu confirmar a origem do ataque. O exército israelense não comentou este caso específico, mas confirmou ações realizadas na quinta-feira no setor de Jabalia. No Sul, houve bombardeios na área de Khan Yunis, que ficou envolva por colunas de fumaça após as explosões. Os militares israelenses disseram que mataram um comandante local do Hamas nestas ações.
Nesta sexta-feira, Avichay Adraee, porta-voz militar de Israel, compartilhou um comunicado (veja abaixo) no qual ressalta que a "pausa humanitária é temporária". Ele também fez um apelo à população:
— O norte da Faixa de Gaza é uma zona de guerra perigosa e está proibido mover-se para Norte. Para sua segurança, você deve permanecer na zona humanitária no Sul. Só é possível deslocar-se do norte da Faixa para o sul, através da estrada Salah al-Din. A movimentação de moradores do sul da Faixa de Gaza para o Norte não é permitida e é perigosa.
Troca
O Hamas confirmou "uma paralisação total das atividades militares" por quatro dias, durante os quais os 50 reféns serão libertados. Para cada um deles, devem ser soltos "três prisioneiros palestinos", segundo o movimento islâmico.
Na sexta-feira, uma fonte de segurança egípcia disse à AFP que uma delegação de segurança do seu país estará em Jerusalém e Ramallah para garantir o "respeito à lista" de presos liberados. Oficiais de segurança israelenses, acompanhados por Cruz Vermelha e agentes egípcios, receberão os reféns que estão em Gaza.
Guerra deve continuar, segundo Israel
A comunidade internacional celebrou o acordo entre Israel e Hamas e espera que seja um primeiro passo para um cessar-fogo duradouro. O governo e o exército de Israel, porém, ressaltam que "continuarão" os combates para "eliminar" o Hamas assim que a trégua terminar.
"Não vamos parar a guerra. Continuaremos até à vitória", afirmou o chefe do Estado-Maior de Israel, general Herzi Halevi. "Tomar o controle do norte da Faixa de Gaza é a primeira etapa de uma longa guerra e nos preparamos para as próximas fases", disse o porta-voz militar Daniel Hagari.
O embaixador palestino na Organização das Nações Unidas (ONU), Riyad Mansour, declarou que a trégua "não pode ser apenas uma pausa" e apelou à utilização deste período para impedir o reinício dos combates em Gaza.