O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, delineou um plano para o "dia seguinte" em Gaza, marcando a primeira proposta oficial destinada a encerrar o conflito entre Israel e o Hamas. De acordo com o documento apresentado aos membros do gabinete de segurança de Israel na quinta-feira (22), o governo israelense busca reter o controle de segurança sobre todas as terras a oeste do Rio Jordão, abrangendo a Cisjordânia ocupada e Gaza — áreas onde os palestinos aspiram estabelecer sua independência. As informações são dos portais g1 e CNN.
O plano surge enquanto Israel envia uma equipe de negociação, liderada pelo diretor do Mossad, o serviço de Inteligência de Israel, David Barnea, para Paris nesta sexta-feira (23), buscando avançar nas negociações sobre um possível cessar-fogo e um acordo de libertação de reféns que poderia encerrar o prolongado conflito de quatro meses.
Em Gaza, Netanyahu teria enfatizado que a desmilitarização e a redução da radicalização são metas a serem alcançadas a médio prazo. No entanto, ele não forneceu detalhes sobre o início ou a duração dessa fase específica.
Nos objetivos de longo prazo, Netanyahu teria rejeitado o "reconhecimento unilateral" de um Estado palestino. Ele ressaltou que um acordo só será alcançado por meio de negociações diretas entre as partes envolvidas, embora não tenha revelado quem representaria os palestinos nesses diálogos.
O primeiro-ministro também teria proposto que Israel mantenha presença na fronteira entre Gaza e o Egito, cooperando com o Egito e os Estados Unidos para evitar tentativas de contrabando, inclusive na passagem de Rafah. Para substituir o controle do Hamas em Gaza, Netanyahu sugere trabalhar com representantes locais que não estejam afiliados a grupos terroristas nem recebam apoio financeiro deles.
Netanyahu teria solicitado ainda o encerramento da Agência de Refugiados Palestinos (UNRWA), propondo sua substituição por outras organizações internacionais de assistência.
“O documento reflete um amplo consenso público sobre os objetivos da guerra e sobre a substituição do domínio do Hamas em Gaza por uma alternativa civil”, declarou um comunicado do gabinete do primeiro-ministro.
Repercussão
O porta-voz do presidente palestino Mahmoud Abbas, Nabil Abu Rudeineh, afirmou à agência Reuters que a proposta de Netanyahu estava destinada ao fracasso, assim como qualquer plano israelense para alterar as realidades geográficas e demográficas em Gaza.
— Se o mundo está genuinamente interessado em ter segurança e estabilidade na região, deve acabar com a ocupação de terras palestinas por Israel e reconhecer um Estado palestino independente com Jerusalém como capital — pontuou.