Um primeiro grupo de estrangeiros e palestinos com dupla cidadania cruzou a passagem de Rafah depois que as autoridades egípcias anunciaram uma abertura excepcional para a saída de mais de 500 pessoas pela fronteira com o Egito, que é utilizada para o envio de ajuda humanitária, mas até esta quarta-feira (1°) estava fechada para pessoas.
De acordo com o chefe do Escritório de Representação do Brasil em Ramala, o embaixador Alessandro Candeas, cidadãos australianos, austríacos, búlgaros, finlandeses, indonésios, jordanianos, japoneses e tchecos poderão realizar a passagem, além de pessoas ligadas à Cruz Vermelha e outras ONGs. Até o momento, a lista de autorizações não inclui brasileiros, que aguardam a oportunidade de serem resgatados pelo governo federal.
A autorização partiu de um acordo mediado pelo Catar com Israel, Egito e o Hamas. A abertura excepcional liberou cerca de 90 feridos e 450 estrangeiros, conforme afirmaram autoridades egípcias. Na lista, estão pessoas com passaportes da Austrália, Áustria, Bulgária, República Checa, Finlândia, Indonésia, Japão e Jordânia. Os membros da equipe de organizações de ajuda humanitária, incluindo os Médicos Sem Fronteiras, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e a UNRWA, também estão na lista.
De acordo com fontes diplomáticas, a Faixa de Gaza tem estrangeiros de 44 países e de 28 agências. Funcionários palestinos do terminal de Rafah publicaram uma lista com os nomes, as nacionalidades e os números de passaportes dos estrangeiros autorizados a seguir para o Egito. O Ministério da Saúde do Hamas informou ao Egito uma lista de 4 mil feridos que precisam de tratamentos que não estão disponíveis no território palestino, afirmou à AFP o porta-voz da pasta, Ashraf al Qudra.
Interrupção quase total das comunicações
A Faixa de Gaza sofreu outra grande interrupção das linhas de comunicação e internet na manhã de quarta-feira, horário local, conforme o grupo de monitoramento de segurança cibernética Netblocks. "O incidente é consistente com a perda de serviço na sexta-feira e será provavelmente sentido pela maioria dos residentes como uma perda total ou quase total das comunicações", disse o diretor de pesquisa da Netblocks, Isik Mater, ao The Washington Post por e-mail.
A PalTel, principal provedora de telecomunicações em Gaza, disse nas mídias sociais que os serviços de comunicação e internet foram completamente interrompidos "devido às rotas internacionais reconectadas anteriormente terem sido cortadas novamente".
A Jawwal, outro grande provedor e uma subsidiária da Paltel, também informou em sua página do Facebook que seus serviços foram interrompidos.
No fim de semana, o enclave densamente povoado, com mais de 2 milhões de pessoas, sofreu um apagão quase total nas comunicações, prejudicando os esforços de resgate e a entrega de ajuda.
Uma autoridade sênior dos EUA disse ao The Post no domingo, 29, que Israel havia desligado as comunicações em Gaza e que os Estados Unidos haviam pressionado o governo a religá-las. "Deixamos claro que elas precisavam ser religadas", disse a autoridade, que falou sob condição de anonimato para discutir negociações delicadas.
A Casa Branca, em um tweet na segunda-feira, 30, disse que havia trabalhado para restaurar as comunicações em Gaza. "Os trabalhadores humanitários, civis e jornalistas precisam ser capazes de se comunicar uns com os outros e com o resto do mundo", disse.