O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, concordaram com a necessidade de criação de um Estado Palestino. Os dois tiveram reunião nesta quarta-feira (21) no Palácio do Planalto e falaram sobre a guerra de Israel contra o grupo terrorista Hamas, travada desde outubro de 2023.
De acordo com nota divulgada pelo governo federal, o encontro da manhã desta quarta-feira durou cerca de 1h50min. "O secretário agradeceu a atuação do Brasil pelo diálogo entre Venezuela e a Guiana. O presidente Lula reafirmou seu desejo pela paz e fim dos conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza. Ambos concordaram com a necessidade de criação de um Estado Palestino", diz a publicação.
A visita de Blinken ocorre no âmbito da reunião de chanceleres do G20, no Rio de Janeiro, mas coincide com a crise diplomática entre Brasil e Israel, que tem nos Estados Unidos um dos seus maiores aliados.
No domingo (18), em entrevista coletiva na Etiópia, o chefe do Executivo brasileiro fez uma analogia entre a morte de palestinos e o extermínio de judeus feito pelo regime nazista, entre 1933 e 1945. As declarações foram repudiadas pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Lula reiterou, no encontro da manhã desta quarta, a necessidade de reforma dos organismos financeiros internacionais e o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), crítica que vem sendo recorrente em seus discursos.
Segundo o Palácio do Planalto, a visão do presidente brasileiro foi apoiada por Blinken. Além disso, o secretário também elogiou a escolha dos temas do Brasil para a cúpula do G20 no Rio Janeiro: reforma da governança global, combate à fome e à miséria e transição energética.
Já na área econômica, o Palácio do Planalto divulgou que ambos discutiram "parcerias trilaterais em agricultura, segurança alimentar e infraestrutura na África". Lula ressaltou a urgência em abordar o tema da dívida externa dos países africanos.
Fundo Amazônia
De acordo com a nota do governo brasileiro, Blinken informou que os Estados Unidos estudam a realização de um novo aporte para o Fundo Amazônia. Contudo, não foram divulgados valores. Ainda foi tratada a cooperação dos dois países na área ambiental, transição energética, fóruns empresariais e de infraestrutura.
"O secretário congratulou o Brasil pela aprovação da reforma tributária, recuperação de políticas sociais e de responsabilidade fiscal. Lembrou que os EUA são o principal investidor no Brasil e estão abertos a aprofundar os vínculos econômicos e comerciais entre os dois países", diz o texto.
No encontro, Lula também registrou apreço pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, "por sua postura em defesa da democracia e pelas medidas que tem adotado em prol dos trabalhadores dos EUA".
A reunião foi acompanhada pelo assessor especial, embaixador Celso Amorim, e pela embaixadora norte-americana no Brasil, Elizabeth Bagley.