A guerra entre Israel e o movimento palestino Hamas ultrapassou os 100 dias neste domingo (14), com mais civis mortos na Faixa de Gaza e uma crescente angústia assolando familiares de reféns israelenses, após o grupo afirmar que "muitos" provavelmente "morreram recentemente".
O Exército israelense bombardeou novamente a região neste domingo. A população deste território enfrenta uma grave crise humanitária devido ao conflito, que também aumenta as tensões regionais. Os israelenses expressaram solidariedade, neste domingo, com os reféns retidos no território palestino pelo Hamas e outros grupos aliados.
No entanto, o porta-voz do braço militar do Hamas, Abu Obeida, alimentou os temores de muitos familiares de reféns e afirmou, neste domingo, que "muitos" provavelmente "morreram recentemente".
— O destino de muitos reféns do inimigo é desconhecido nas últimas semanas e todos os outros entraram no túnel do desconhecido — declarou Obeida.
E acrescentou:
— Provavelmente, muitos deles morreram recentemente e os outros correm um grande perigo, e a autoridade do inimigo e seu exército têm a plena responsabilidade .
Após essas declarações, o braço armado do Hamas divulgou um vídeo que mostra três reféns israelenses vivos, dois homens e uma mulher, retidos na Faixa de Gaza desde 7 de outubro. O vídeo não dá qualquer indício sobre quando foi gravado. Os três reféns pedem, em hebraico, às autoridades israelenses que trabalhem por suas libertações.
Israel também enfrenta, em sua fronteira norte, ataques do movimento libanês Hezbollah, que faz parte do chamado "eixo da resistência" do Irã e inclui grupos armados hostis a Israel e aos Estados Unidos. Dois israelenses, uma mãe e seu filho, morreram neste domingo no norte de Israel pelo impacto de um míssil vindo do Líbano, de acordo com autoridades locais.
O Exército israelense indicou que matou "três terroristas" que se infiltraram em Israel vindo do Líbano.
A guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas começou em 7 de outubro, após um ataque do movimento islamista em solo israelense, resultando em cerca de 1.140 mortos, na maioria civis, segundo um balanço da agência de notícias AFP com base em números fornecidos pelas autoridades israelenses.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, e lançou uma operação aérea e terrestre contra a Faixa de Gaza. Os bombardeios israelenses já causaram pelo menos 24,1 mil mortes, em sua maioria de mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, território palestino governado pelo Hamas desde 2007.
Durante o ataque, os combatentes do grupo islâmico também capturaram cerca de 250 pessoas. Segundo as autoridades israelenses, 132 ainda estão retidos em Gaza e acredita-se que 25 tenham morrido.
No front diplomático, os ministros das Relações Exteriores da China e do Egito, reunidos no Cairo, pediram neste domingo um cessar-fogo e a criação de um "Estado palestino independente e soberano nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como capital".
Mortes e destruição
— Ninguém nos deterá, nem Haia, nem o "Eixo do Mal", nem ninguém — declarou, no sábado (13), o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em referência às acusações de genocídio apresentadas pela África do Sul à Corte Internacional de Justiça (CIJ), sediada em Haia.
No domingo, densas nuvens de fumaça foram vistas novamente sobre as cidades de Rafah e Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, conforme relatado por um jornalista da agência de notícias AFP. Segundo o escritório de imprensa do governo do Hamas, mais de 100 pessoas morreram nos bombardeios noturnos israelenses em todo o território, especialmente em Khan Yunis.
O Exército israelense afirma estar concentrando suas operações contra o Hamas em Khan Yunis, no sul da Faixa, onde centenas de milhares de civis se refugiaram dos bombardeios maciços no início da guerra.
O Exército também anunciou a morte de um soldado, elevando para 188 o número de soldados mortos desde o início das operações terrestres em Gaza, em 27 de outubro.
O bloqueio israelense à Faixa de Gaza, reforçado pela guerra, está causando uma grave escassez de alimentos e combustível.
— A morte em massa, a destruição, os deslocamentos, a fome, as perdas e a dor dos 100 dias de guerra em Gaza mancham nossa humanidade comum — disse o diretor da agência de refugiados palestinos da Organização das Nações Unidas (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, durante uma visita ao território.
Além disso, a chuva e o frio complicam a vida diária das famílias deslocadas. A Organização das Nações Unidas estima que 1,9 milhão de pessoas, ou quase 85% da população, tiveram que abandonar suas casas.
Fora de Gaza, os ataques dos Estados Unidos contra os rebeldes houthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, fazem temer a extensão regional do conflito. Os Estados Unidos negaram a informação da mídia houthi sobre novos ataques "americanos e britânicos" neste domingo contra a cidade portuária de Hodeida, no oeste do Iêmen, sob controle dos rebeldes.
Na Cisjordânia ocupada, onde a violência tem aumentado, o Exército israelense relatou a prisão por "incitação ao terrorismo" de duas irmãs do número dois do Hamas, Saleh Al Aruri. Ele morreu em 2 de janeiro, no Líbano, em um ataque de drones atribuído ao Exército israelense.
Conforme informaram fontes israelenses e palestinas à AFP, o exército israelense matou, neste domingo, três palestinos na Cisjordânia ocupada, dois deles enquanto tentavam invadir um posto de controle israelense.