A onda de violência no Equador, com ações coordenadas de criminosos que provocaram explosões, sequestraram policiais, chegando até a invadir uma emissora de TV durante uma transmissão ao vivo, gerou pânico em diversas cidades na terça-feira (9). Em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta quarta-feira (10), o jornalista Esteban Ávila contou como está o clima no país.
— O clima de insegurança afeta, sem dúvida, a vida diária das pessoas. Hoje (quarta-feira), o Ministério do Trabalho liberou que funcionários públicos e privados possam trabalhar em home office. Além disso, algumas companhias aéreas locais cancelaram voos entre algumas províncias, como, por exemplo, Quito-Cuenca, Cuenca-Guayaquil.
Esteban conta que as aulas estão suspensas, e devem permanecer assim até sexta-feira (12). Nas ruas, o jornalista está em Quito, capital do país, o ritmo do comércio e dos bancos é reduzido, com poucas pessoas circulando, uma vez que o transporte público está reduzido.
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Onda de violência
Pelo menos 10 pessoas, incluindo dois policiais baleados em Nobol, na província equatoriana de Guayas, morreram até agora na onda de violência desencadeada por facções criminosas no Equador, de acordo com informações da imprensa local divulgadas nesta quarta-feira (10).
As duas últimas mortes relatadas nos ataques registrados na terça-feira (9), são dois policiais "vilmente assassinados por criminosos armados" em Nobol, afirmou a Polícia Nacional do Equador.
A violência causou pânico em cidades de todas as regiões do Equador. Maior cidade do país, Guayaquil colapsou, disse o jornal equatoriano Expresso. A publicação relata medo e correria após ações de criminosos. Quem não conseguiu voltar para casa se abrigou em restaurantes ou empresas que fecharam as portas. Lojistas fecharam as portas, funcionários voltaram às pressas para suas casas, o que provocou congestionamentos, e áreas que costumam ser movimentadas ficaram desertas, de acordo com a imprensa local.
Anteriormente, outras oito pessoas foram mortas nos ataques do crime organizado ocorridos nesta terça-feira em Guayaquil, a cidade mais populosa do país capital da província de Guayas. Neste último caso, outros três ficaram feridos. "Este é o sacrifício que juramos à pátria e não descansaremos até encontrarmos os responsáveis por este ato criminoso", acrescentou a Polícia Nacionalpor meio das suas redes sociais.
A fuga de Fito
Desde a fuga de Fito, policiais foram sequestrados, mais presos fugiram e ataques com explosivos e carros-bomba foram registrados em diversas cidades equatorianas. Em razão do terror promovido pelos criminosos, na segunda-feira (8) o governo equatoriano decretou estado de exceção por 60 dias.
José Adolfo Macías Salazar, conhecido como "Fito", 44 anos, é agora o fugitivo mais perigoso do Equador. Ele é o líder da facção criminosa Los Choneros. Autoridades disseram que dois carcereiros foram acusados de envolvimento na fuga. O governo equatoriano enviou 3 mil policiais para recapturar o líder do grupo criminoso.
Na terça-feira (9), uma emissora de TV foi invadida e atacada durante transmissão ao vivo. Em razão disso, o presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou “conflito armado interno” no país. A medida busca fortalecer o enfrentamento aos traficantes e “neutralizar” as organizações criminosas.