José Adolfo Macías Salazar, conhecido como "Fito", 44 anos, é agora o fugitivo mais perigoso do Equador após sua fuga da prisão, onde comandava a principal gangue criminosa do país. A fuga levou o Equador a declarar estado de exceção no país todo. Ele é o líder da facção criminosa Los Choneros. Autoridades disseram que dois carcereiros foram acusados de envolvimento na fuga. O governo equatoriano enviou 3 mil policiais para recapturar o líder do grupo criminoso.
Pouco se sabe sobre o líder do Los Choneros além do seu passado como taxista e de sua capacidade para desafiar a lei. O governo o classifica como um "criminoso com características extremamente perigosas".
Os alertas sobre seu paradeiro desconhecido começaram a surgir no domingo (7), quando as autoridades notaram sua ausência durante uma operação. As forças públicas ativaram um plano para capturar o chefe de uma gangue de traficantes que surgiu na década de 1990 na província costeira de Manabí (sudoeste), estratégica para o tráfico de drogas para os Estados Unidos e Europa.
O governo acredita que ele pode ter escapado "horas antes" da intervenção policial na Prisão Regional de Guayaquil (sudoeste), onde era considerado o chefe.
Fito exercia "um controle interno significativo do centro penitenciário", afirmou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) em um relatório de 2022, após um encontro com o chefe do tráfico.
O organismo acrescentou que Macías e Junior Roldán, outro líder do Los Choneros, assassinado no ano passado na Colômbia, recebiam "tratamento diferenciado e preferencial pelas autoridades" carcerárias.
Ascensão e fragmentação
No mundo de Fito, aplica-se o ditado: "Rei morto, rei posto". Sua ascensão ao topo da facção, composta por cerca de oito mil membros, ocorreu com as sucessivas mortes de seus antecessores.
Ele assumiu o comando da organização em 2020, após as mortes de seus amigos Jorge Luis Zambrano, conhecido como "Rasquiña", e Junior Roldán, o "JR".
O novo chefe se formou em Direito na prisão, onde cumpria uma sentença de 34 anos por crimes como posse de armas, tráfico de drogas, crime organizado e assassinato.
Sua escalada à cúpula criminal foi acompanhada pela fragmentação da facção, que, até a morte de Rasquiña, tinha absorvido grande parte das organizações menores.
Segundo o centro de estudos Insight Crime, as últimas mudanças no comando do Los Choneros "motivaram lutas internas no grupo e em seus subgrupos". Facções como Tiguerones e Chone Killers se afastaram e declararam guerra a eles.
O centro de estudos aponta que os Los Choneros "perderam poder progressivamente frente a uma aliança liderada pelos Lobos", cujo chefe em Quito também fugiu na terça-feira de uma prisão em Riobamba (sul).
Os Los Choneros, que inicialmente se dedicavam ao crime tradicional com assaltos em alto mar, estabeleceram vínculos com traficantes colombianos e, posteriormente, mexicanos. Atualmente, têm ligações com os cartéis de Sinaloa, o Clã do Golfo (maior exportador de cocaína do mundo) e organizações balcânicas, segundo o Observatório Equatoriano de Crime Organizado.
A taxa de homicídios do Equador em 2023 foi de 46,5 assassinatos por 100 mil habitantes - oito vezes mais do que era em 2018. O presidente Daniel Noboa atribui o aumento da violência a uma retaliação pelas suas ações para "recuperar o controle" das prisões equatorianas.
Um exército virtual
Nas redes sociais, os Los Choneros se apresentam como benfeitores ao estilo de Robin Hood e produzem seus próprios videoclipes que exaltam o narcotráfico. Eles ameaçam jornalistas e lançam advertências a outros gupos com ritmos urbanos.
"Ativos, Choneros, aqui somos leões. Com o tio Fito como se supõe, controlando o bairro, aqui somos patrões", dizem em uma de suas muitas músicas.
Visto pela última vez barbudo e com cabelos desgrenhados, o temido líder passou de protagonizar virais de rap no submundo do crime a ser novamente destaque na mídia após o assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio, que o acusou de tê-lo ameaçado uma semana antes de ser baleado em agosto por um sicário colombiano.
A justiça não o condenou por esse crime, mas o governo do então presidente Guillermo Lasso (2021-2023) ordenou sua transferência para uma prisão de segurança máxima, em uma operação das forças públicas que gerou protestos dos detentos.
Fito retornou pouco tempo depois ao seu feudo na Prisão Regional de Guayaquil por meio de recursos jurídicos.
Em 2013, ele já havia escapado, mas sua travessia durou apenas três meses.