O governo dos Estados Unidos anunciará, nesta quinta-feira (15), sanções contra a Rússia em represália por uma suposta interferência eleitoral e por ataques cibernéticos, informa a imprensa americana.
As tensões entre os dois países aumentaram nos últimos meses por uma série de temas, incluindo a recente concentração de tropas da Rússia na fronteira com a Ucrânia.
Diante do cenário, o presidente americano, Joe Biden, propôs na terça-feira (13) ao colega russo, Vladimir Putin, um encontro em um país terceiro. Mas o Kremlin já advertiu que possíveis sanções americanas podem impedir a reunião.
—O que se está discutindo atualmente - prováveis sanções - não vai favorecer de nenhum modo tal reunião. Condenamos qualquer iniciativa de sanções, as consideramos ilegais— disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.
As sanções afetarão mais de 30 entidades russas e devem incluir a expulsão de mais de 10 cidadãos russos dos Estados Unidos, incluindo diplomatas, informou o Wall Street Journal, que ouviu fontes do governo.
Os diplomatas serão objetos de sanções pelas acusações, negadas pela Rússia, de que Moscou ofereceu pagamento a insurgentes no Afeganistão para que matassem militares americanos, segundo o jornal americano.
A ordem executiva também ampliará a proibição já em vigor de que os bancos americanos negociem títulos da dívida pública russa.
Washington também pretende acusar formalmente a inteligência russa pelo ataque de hackers à empresa SolarWinds, o que afetou mais de cem empresas americanas e 18 mil redes de informática do governo e privadas. A Rússia nega envolvimento com o ataque.
Ao lado do Reino Unido, Austrália, Canadá e União Europeia, o governo dos Estados Unidos também vai determinar sanções contra oito pessoas e entidades pela ocupação da Crimeia, segundo o Wall Street Journal.
As medidas acontecem em um momento difícil para as relações entre Washington e Moscou.
Biden e Putin conversaram por telefone na terça-feira e concordaram em "prosseguir com o diálogo", depois que o presidente americano descreveu no mês passado o presidente russo como um "assassino" que "pagaria um preço" pela interferência nas eleições.
A inteligência americana afirma que Putin e outros altos funcionários "estavam a par e provavelmente dirigiam" uma operação russa para influenciar as eleições de 2020 a favor do republicano Donald Trump.
Mais recentemente, o aumento do número de tropas russas na fronteira com a Ucrânia – onde as forças de Kiev lutam contra os separatistas pró-Rússia desde 2014 – provocou um alerta geral e advertências da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).