Após 10 semanas de confinamento, a população de Madri voltou a frequentar, nesta segunda-feira (25), os bares da cidade – embora apenas nos espaços externos. Outras áreas da Espanha com menor incidência do coronavírus já podem tomar banho de mar.
Em uma rua no centro histórico da capital, a chocolateria San Ginés, famosa por seus churros com chocolate, tinha seis das 13 mesas habituais instaladas nesta manhã, para garantir a distância de segurança. O interior das instalações permanece inacessível para os clientes.
— Estamos abertos há 125 anos, e foi a primeira vez que ficamos fechados assim. Em breve, abriremos 24 horas como antes, mas agora o turno da noite está suspenso, devido à ausência de turistas e porque a boate ao lado, que geralmente nos traz muitos clientes, ainda está fechada — disse o gerente, Daniel Real.
Os parques, começando com o Retiro, também abriram, após 10 semanas de fechamento.
— Me dá um pouco de paz que o Retiro esteja aberto novamente, me conforta — diz Rosa San José, professora de 50 anos do ensino médio, que foi fazer uma caminhada usando máscara, antes de trabalhar de casa.
A capital espanhola, assim como Barcelona e sua região metropolitana e parte da região de Castilla e León, iniciaram nesta segunda (25) a primeira fase do desconfinamento progressivo. A medida já havia começado no restante do país.
Nesta fase, os terraços dos bares, os espaços de culto e os museus e bibliotecas podem reabrir, mas com capacidade limitada e mantendo uma distância de segurança. Também são permitidos encontros de até 10 pessoas.
Menos de 100 mortos ao dia
Na última semana, a Espanha conseguiu conter a mortalidade da pandemia abaixo de 100 mortes por dia. Mesmo assim, é um dos países mais atingidos do mundo, com mais de 28,7 mil mortes e 235 mil casos confirmados. Além de Madri, o outro foco do coronavírus tem sido Barcelona e sua região metropolitana.
Na orla do bairro de Barceloneta, a retomada das atividades produzia imagens semelhantes às de Madri nesta segunda.
— Temos que montar, limpar, desinfetar e depois conversar com os meninos para conscientizá-los das medidas de segurança, distância, higiene... E depois começar a faturar. Já era — disse Nacho García, diretor do Restaurante Barna Beach, a 10 metros da praia.
Nas proximidades, David Polo prepara as mesas de sua vinícola Iberia, em frente à praia. Com um pano, aplica solução de água e cloro nas mesas de metal que acumularam poeira por meses.
— O problema é que, se você não abre, ainda tem despesas. Abrimos com metade da equipe para tentar cobrir os custos. Vamos ver se o remédio é pior do que a doença — diz o empresário de 46 anos.
Os residentes de Barcelona podem caminhar, nadar, ou correr na praia, mas devem esperar para avançar para a próxima fase, quando poderão tomar sol. Nas regiões que iniciaram o desconfinamento há duas semanas e estão na segunda fase, as praias já estão liberadas para atividades recreativas, e os bares podem usar seus espaços internos.
É o caso dos arquipélagos das Baleares e Canárias, da costa norte e de grande parte da Andaluzia. Nessas localidades, o Ministério da Saúde solicitou que as autoridades controlem o acesso às praias e a distância de segurança entre os banhistas.
Em suas recomendações, o Ministério da Saúde decidiu separar os guarda-sóis a uma distância de quatro metros entre cada um e delimitar faixas na areia. Alguns municípios optaram por usar fitas coloridas, dividindo a praia em várias praças, uma para cada grupo.
No momento, tudo está voltado para o cliente local. Os turistas internacionais, que devem ficar em quarentena por 14 dias quando entrarem no país, poderão voltar à Espanha "a partir de julho", como anunciou no sábado o chefe do governo, Pedro Sánchez, para promover a retomada do turismo, que representa 12% do Produto Interno Bruto (PIB).