Logo depois de o governo decidir rejeitar a ajuda de US$ 20 milhões (cerca de R$ 83 milhões) do G7 para a Amazônia, o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles afirmou que tem "outra visão técnica" sobre o assunto.
— Do que eu li na imprensa, os 20 milhões de dólares viriam através da colocação de equipamentos. Sendo assim, me parece uma ajuda importante de ser aceita — defendeu em entrevista ao programa Roda Viva na noite desta segunda-feira (26).
Salles, no entanto, disse que a mensuração sobre a necessidade do reforço de equipamentos não depende de seu ministério, mas, sim, do “Ministério da Defesa ou do grupo de combate ao fogo nos Estados”.
A confirmação de que o governo não aceitaria os recursos foi dada pelo Palácio do Planalto e também pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, em entrevista ao Blog do Camarotti, do portal G1.
— Veja a importância de papeis distintos. Onyx (Lorenzoni) é ministro chefe da Casa Civil. Ele tem papel político, responde por uma questão política. Eu sou do meio ambiente e tenho outra visão técnica no sentido de agregar o máximo de equipamentos ou instrumentos disponíveis para que a gente ataque o problema como ele é.
O ministro ressaltou que as medidas necessárias para conter o fogo "estão sendo adotadas pelo governo federal por meio da GLO (Garantia da Lei da Ordem), independentemente de qualquer ajuda estrangeira".
Salles também afirmou que o governo avalia um possível decreto que determina que o uso de fogo seja proibido durante o período seco na região amazônica. Segundo ele, a Casa Civil analisa questão.
— Hoje (segunda) cedo, o presidente determinou que se verificasse o fundamento legal para decretação dessa proibição do uso do fogo sob qualquer hipótese, sob qualquer argumento, nesse período seco. Portanto, o presidente quer fazer. O que se verifica é o fundamento jurídico para isso. É uma possibilidade bastante concreta.
A entrevista ao vivo ocorreu logo depois de o Palácio do Planalto confirmar que o governo Jair Bolsonaro vai rejeitar a oferta dos países do G7 (grupo dos países ricos).
O anúncio da oferta de dinheiro foi feito, nesta segunda, pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que tem antagonizado com o presidente Jair Bolsonaro na crise diplomática aberta com a onda de incêndios na região brasileira.
Nesta segunda, antes do anúncio do Planalto, Salles havia afirmado que a ajuda seria "bem-vinda".
— Quem vai decidir como usar recursos para o Brasil é o povo brasileiro e o governo brasileiro. De qualquer forma, a ajuda é sempre bem-vinda — disse na ocasião, em evento promovido pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi).