O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira a adoção de tarifas progressivas contra o México, a partir de 10 de junho, até que o país vizinho detenha o fluxo de imigrantes ilegais que entram nos Estados Unidos pela fronteira sul.
"Em 10 de junho, os Estados Unidos aplicarão uma tarifa de 5% a todos os bens procedentes do México, até o momento em que os imigrantes ilegais parem de atravessar para nosso país", tuitou Trump. "As tarifas aumentarão gradualmente até que se resolva o problema da imigração ilegal, quando serão eliminadas".
A Casa Branca explicou que as tarifas subirão para 10% em 1º de julho, com altas mensais de 5% até atingir 25% no dia 1º de outubro. "As tarifas se manterão de maneira permanente em 25% até que o México detenha substancialmente o trânsito ilegal de estrangeiros que entram (nos EUA) através de seu território", destaca o comunicado.
A nota acrescenta que "se a crise da imigração ilegal for aliviada através de ações efetivas adotadas pelo México, que serão determinadas por nossa exclusiva avaliação e critério, haverá a eliminação das tarifas".
A declaração da Casa Branca afirma que os Estados Unidos são "invadidos" por milhares de pessoas procedentes do México, que nada faz para impedir a situação: "A cooperação passiva do México para permitir esta incursão em massa constitui uma emergência e uma ameaça extraordinária à segurança nacional e à economia dos Estados Unidos".
O governo mexicano reagiu qualificando a decisão de "algo desastroso", que, se for de fato realizado, "será gravíssimo".
— Se chegar a acontecer vamos responder de forma enérgica — disse Jesús Seade, vice-chanceler para América do Norte e negociador comercial mexicano. — O certo seria responder olho por olho, mas isto seria partir para a selvageria (...). Temos de discutir com os Estados Unidos e analisar aqui como vamos responder. Vamos ver do que se trata, ainda não sabemos, não tivemos um primeiro contato.
Seade reafirmou que não há qualquer justificativa para impor tarifas ao comércio por um tema de imigração. O México tem os Estados Unidos como seu principal parceiro comercial, ao qual destina mais de 80% de suas exportações.
Os dois países compartilham 3,2 mil quilômetros de uma fronteira pela qual passam numerosos imigrantes ilegais, armas e drogas.
Desde outubro passado, o México foi tomado por ondas de emigrantes, a maioria de centro-americanos que tentam chegar aos Estados Unidos fugindo da violência em seus países.
Trump já havia ameaçado o México com o fechamento da fronteira caso o vizinho não detivesse o fluxo de emigrantes ilegais.
Após chegar à presidência do México, em dezembro, o esquerdista López Obrador flexibilizou os controles migratórios, o que multiplicou o fluxo de emigrantes.
Segundo Trump, na véspera foram detidos 1.036 imigrantes ilegais que cruzaram a fronteira no trecho entre Ciudad Juárez e El Paso (Texas), um número recorde.