Cesare Battisti chegou a Roma, na Itália, por volta das 8h45min desta segunda-feira (14). Condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos ocorridos nos anos 1970, ele foi capturado no sábado em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.
Battisti – que será levado à prisão de Rebibbia, na capital italiana – estava foragido desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro emitiu, em 13 de dezembro, uma ordem de captura contra ele. Um dia depois, o então presidente Michel Temer assinou a ordem de extradição, solicitada há anos pela Itália.
Battisti, 64 anos, desceu do avião sorrindo e sem usar algemas, cercado por cerca de dez policiais que imediatamente o levaram, em meio a um importante dispositivo de segurança, para a prisão de Rebibbia. Os ministros do Interior, Matteo Salvini, e o ministro da Justiça, Alfonso Bonafede, o esperavam junto a uma centena de jornalistas.
— Esse bandido, que passou anos nas praias do Brasil ou tomando champanhe em Paris, matou (entre 1978 e 1979) um marechal de 54 anos, um açougueiro, um joalheiro e um jovem policial. Ele tem que ir para a cadeia pelo resto de sua vida — disse Salvini aos repórteres no domingo.
— Agora as vítimas podem descansar em paz — acrescentou Alberto Torregiani, filho do joalheiro assassinado diante de seus olhos quando ele tinha 15 anos, quando ficou tetraplégico depois de ser ferido na tragédia.
Ex-membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) durante os "anos de chumbo" na Itália - marcados por atentados de organizações de direita e esquerda, entre elas as Brigadas Vermelhas -, Battisti foi julgado à revelia em 1993 e condenado à prisão perpétua por quatro homicídios e cumplicidade em outros assassinatos no fim dos anos 1970.
Ele viveu 15 anos exilado na França, protegido pelo governo socialista de François Mitterrand, onde se tornou um bem sucedido autor de romances policiais. Após uma estadia no México, voltou para a França, mas em 2004 foi obrigado a partir daquele país e se refugiu clandestinamente no Brasil, antes de ser detido no Rio de Janeiro em 2007.
Em 2010, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou sua extradição para a Itália, após um longo processo judicial. No último dia de seu mandato, Lula concedeu o estatuto de refugiado político a Battisti.
Em 2017, é detido em Corumbá (MS), na fronteira da Bolívia, acusado de querer fugir, e foi mantido monitorado com tornozeleira eletrônica por quatro meses.
Após a eleição do presidente Jair Bolsonaro, que prometeu extraditá-lo, Battisti voltou à clandestinidade após 40 anos de fuga até o último sábado (12), quando sua prisão foi anunciada em Santa Cruz de la Sierra, região central da Bolívia.