Ao desembarcar nesta segunda-feira (14) em Roma, na Itália, Cesare Battisti, 64 anos, foi recebido pelos agentes do GOM – grupo operativo móvel da polícia penitenciária local –, que o levarão direto para a prisão de Rebibbia, na capital italiana.
Battisti chegou por volta das 8h45min no Aeroporto de Ciampino, onde várias autoridades do governo da Itália acompanharam o momento da aterrissagem do avião, entre eles os ministros Alfonso Bonafede, da Justiça, e Matteo Salvini, do Interior. As informações foram divulgadas pelo Departamento de Administração Prisional da Itália.
Battisti foi capturado sábado (12) nas ruas de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, por agentes locais em parceria com italianos. Segundo um vídeo feito no momento da prisão, ele usava barba, óculos de sol, jeans e camiseta azul. Não mostrou resistência, não apresentou documentos e respondeu a algumas perguntas em português.
Histórico
O italiano estava foragido desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro emitiu, em 13 de dezembro, uma ordem de captura contra ele. Um dia depois, o então presidente Michel Temer assinou a ordem de extradição, solicitada há anos pela Itália.
Ex-membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) durante os "anos de chumbo" na Itália - marcados por atentados de organizações de direita e esquerda, entre elas as Brigadas Vermelhas -, Battisti foi julgado à revelia em 1993 e condenado à prisão perpétua por quatro homicídios e cumplicidade em outros assassinatos no fim dos anos 1970.
Ele viveu 15 anos exilado na França, protegido pelo governo socialista de François Mitterrand, onde se tornou um bem sucedido autor de romances policiais. Após uma estadia no México, voltou para a França, mas em 2004 foi obrigado a partir daquele país e se refugiu clandestinamente no Brasil, antes de ser detido no Rio de Janeiro em 2007.
Em 2010, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou sua extradição para a Itália, após um longo processo judicial com uma estadia na prisão. No último dia de seu mandato, Lula lhe concedeu o estatuto de refugiado político.