Um golpista simulava ser o diretor de uma rede de hipermercados para convencer empresários a doar dinheiro para, supostamente, construir casas a pessoas atingidas por enchente e temporais no Rio Grande do Sul.
A reportagem da RBS TV conseguiu contatar o golpista, que detalhou a forma como empresários poderiam auxiliar na construção de 10 casas nos municípios de Veranópolis e Nova Prata, na Serra.
Repórter: "Como é que funciona aí? Tu está falando com vários empresários?"
Golpista: "Sim, com diversos. Na verdade, a gente falou com poucos, porque a gente sabe que não 'é' todos que têm esse lado aí, né? Nem todo mundo quer ajudar, né? De 100% das pessoas que a gente fala, aí 20 aderem e acompanham."
Repórter: "Qual é que é a maior necessidade agora, assim, por exemplo? Está focando no quê? Na verdade, é reconstrução, né?"
Golpista: "Que alimentos, águas, tudo o pessoal já tem, né? Sim. Entendeu? Então, agora é reconstrução de alguns lares aí que o pessoal fez uma... fez um levantamento pra nós, aí, dos mais necessitados."
O golpista afirma que cada casa custaria R$ 4,7 mil e que forneceria até mesmo nota fiscal para quem contribuísse.
A fraude se disseminou nas redes sociais por meio de uma fake news, segundo uma das vítimas, que fez um depósito de R$ 2 mil. Ildo Paludo comenta que um vídeo com o golpe foi postado em um grupo de empresários pelo diretor de uma grande indústria da Serra. A mensagem havia sido encaminhada, inicialmente, a este mesmo diretor pelo golpista.
O empresário afirma que a foto e o nome que apareciam no aplicativo eram iguais aos dados do verdadeiro contato do diretor. Ao contatar e fazer o depósito, o golpista pediu mais dinheiro, o que o fez desconfiar de que se tratava de um golpe.
— Ele disse: "Olha, nós estamos então, eu fiz uma seleção de 10 pessoas, tu estás incluído, e nós precisaríamos arrecadar mais R$ 10 mil, só que esses valores têm que ser depositados imediatamente, que nós precisamos fazer a compra ainda na parte da manhã" — afirma.
Delegado responsável por investigar crimes informáticos e defraudações, João Vitor Herédia escutou os áudios e viu as mensagens trocadas entre o golpista e as vítima.
— O que a gente percebe muito é que eles sempre se aproveitam de algum acontecimento em especial notório no país para praticar crimes, praticar estelionatos. Então nesse caso não é diferente. Nas enchentes aqui, a gente identifica diversos tipos de crimes de estelionatos praticados pelo meio virtual — diz.
Em meio à tragédia que já deixou 172 mortos e 41 desaparecidos no Rio Grande do Sul, uma série de golpes se apresentaram. O Pix criado pelo governo estadual, por exemplo, foi simulado com uma arte idêntica à do Executivo. Só que a imagem continha um QR Code com dados de um terceiro e não com os fornecidos pelo Palácio Piratini.
Da uma cobertura de luxo em Balneário Camboriú, um adolescente de 16 anos realizava vaquinhas virtuais falsas para supostamente auxiliar os afetados pela tragédia. O golpe movimentou, pelo menos R$ 2 milhões. Além disso, a polícia afirmou que ele gerenciava sites falsos, com oferta de produtos que nunca eram entregues aos consumidores.