A Polícia Civil prendeu em flagrante, nesta quinta-feira (20), sete colombianos e três brasileiros por suspeita de contravenção. Eles são apontados como responsáveis por esquema de loteria ilegal no bairro Guajuviras, em Canoas, na Região Metropolitana. Há quatro mulheres e seis homens entre os detidos.
Com eles, a Polícia Civil apreendeu nove megafones, que seriam usados para oferecer cartelas da jogatina pelas ruas do bairro, além de um equipamento que seria utilizado para realizar os sorteios. Também foi recolhido R$ 1.210, que a polícia suspeita ser valor arrecadado com as apostas.
— A gente realizou trabalho de investigação, identificamos os locais nos quais as apostas estavam ocorrendo e onde o sorteio iria ocorrer. Desta forma, a gente efetuou a prisão das pessoas envolvidas — explica o delegado Daniel Mendelski, responsável pela investigação.
O delegado explicou que a maioria dos presos nesta quinta-feira se dedicava a vender as cartelas, recolher as apostas e levar ao local do sorteio. Há, entre os detidos, uma mulher que seria a responsável por fazer o sorteio e uma pessoa apontada como gerente do esquema.
Mendelski destaca que outras pessoas estão sendo investigadas, mas não dá mais detalhes.
O Grupo de Investigação (GDI) trouxe à tona o assunto no início do mês ao monitorar por duas semanas a jogatina no bairro de Canoas. Segundo apuração da reportagem, a loteria ilegal do Bono a Estrela (Bônus a Estrela, em uma tradução livre) ocorria por meio de cartelas, com informações em espanhol, com sorteios diariamente no bairro de Canoas.
O delegado destaca que a investigação, neste primeiro momento, tem relação com a jogatina ilegal. A prática de agiotagem, que foi revelada pelo GDI, ainda precisa ser apurada pela polícia.
Como funcionava a jogatina
Segundo apurou o GDI, mais de 30 vendedores da loteria clandestina se concentravam no meio da manhã em duas lojas de artigos femininos situadas entre duas oficinas, na avenida principal do bairro. Após rápida reunião, eles saíam, carregando sacolas recheadas de bilhetes. Vendiam a cartela de oito números de quatro dígitos a R$ 5 para donas de casa, comerciantes, taxistas, motoristas de carros de aplicativo e caminhoneiros, entre outros.
Os sorteios, conforme o GDI, seriam realizados do meio para o fim da tarde, diariamente, com um sistema próprio de apuração. Em plena rua, em frente a uma loja, o vencedor seria recebido por pessoas com sotaque espanhol e leva a premiação em dinheiro vivo. A premiação, segundo o GDI, prometia R$ 1,5 mil, em média, por dia, mas costuma acumular.
Suspeita de agiotagem
Apuração do GDI apontou que o mesmo grupo envolvido na jogatina ilegal seria responsável por esquema de agiotagem.
Nos bairros Guajuviras e Estância Velha, em Canoas, e em cidades vizinhas, o Grupo de Investigação da RBS (GDI) constatou o crime de agiotagem feito às claras nas ruas principais. Pequenos cartões seriam entregues a pedestres e a lojistas oferecendo crédito facilitado em até seis horas, inclusive para pessoas negativadas. Bastaria ao interessado entrar em contato com um WhatsApp ou um número fixo, escritos no anúncio
O GDI teve acesso a cartões onde os valores oferecidos vão até os R$ 5 mil e a quitação pode ser feita entre 20 e 24 parcelas diárias. A cada parte paga, o valor vai sendo carimbado em um cartão até que o empréstimo esteja quitado.