As oito contas bloqueadas em operação da Polícia Federal (PF) que apura um suposto esquema de fraude que teria sido promovido pelo advogado Alessandro Batista Rau, em Porto Alegre, somaram R$ 4,97 milhões. Além das contas, bens como imóveis e veículos também foram bloqueados e não podem ser vendidos ou repassados pelos investigados.
O caso foi revelado pelo Grupo de Investigação da RBS na última sexta-feira (14).
Segundo projeção da PF, o escritório de Rau pode ter causado um dano de até R$ 38 milhões aos clientes — o levantamento é preliminar e foi feito com base na média de cerca de 50 processos analisados de forma aleatória. O trabalho, a partir de agora, é analisar cada um dos mais de mil processos que tramitam na Justiça do Trabalho do RS.
A investigação também passa a analisar a conduta de outras quatro pessoas apontadas como participantes do suposto esquema e que foram alvos de mandados.
O GDI apurou que uma dessas pessoas é outra advogada, coordenadora do escritório de Rau. Vítimas ouvidas pela reportagem relataram que ela — que também está impedida de exercer a advocacia por decisão da Justiça Federal — era responsável por fazer o contato com os clientes e informar que o dinheiro do processo poderia demorar anos a sair.
— Fiquei o ano todo ligando, eles falaram que demoraria mais três ou quatro anos para sair — disse um homem que recebeu R$ 75 mil por uma causa que chegou a R$ 1,8 milhão.
No entanto, dos R$ 1,8 milhão, cerca de R$ 400 mil já estavam depositados em juízo e ficaram disponíveis para saque durante 10 meses. O valor só foi sacado poucos dias após o trabalhador vender o crédito por R$ 75 mil.
É investigado também um representante da Pertto Perícias e que se apresentava como dono, apesar de não constar como sócio no cadastro da empresa. Ele entrava em contato com clientes do escritório de Alessandro Rau e oferecia valores pelos créditos trabalhistas. O dono da empresa, pelo cadastro do CNPJ, é o pai de Rau, que da mesma forma está tendo a conduta apurada.
Ainda é investigada uma quinta pessoa, que é coordenadora administrativa do escritório de Alessandro Rau. A função dela no suposto esquema não foi apurada pela reportagem.
Contraponto
O que diz a defesa do investigado Alessandro Batista Rau
O advogado Gustavo Nagelstein, que defende Alessandro Rau, afirmou nesta segunda-feira (17) que ainda não teve acesso ao conteúdo da investigação e sequer sabe por quais crimes o cliente está sendo investigado. O defensor acrescenta que o bloqueio de contas deixa o cliente sem acesso a nenhum recurso até para necessidades básicas.
No entanto, o advogado pede cautela, pelo processo que há pela frente, mas acredita que a inocência de Rau será confirmada ao final.