O Supremo Tribunal Federal (STF) transformou em réus mais 70 denunciados por participação nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, registrados em Brasília. Desse novo grupo a ser submetido a julgamento, sete são gaúchos, conforme contabilidade do Grupo de Investigação da RBS (GDI). Com isso, 94 moradores do Rio Grande do Sul já foram acusados pelos distúrbios. O levantamento foi feito a partir do cruzamento de listas do STF com dados da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape).
Essa sétima rodada de análise foi encerrada na noite de sexta-feira (9) pelo Supremo. Os réus são investigados por pregarem golpe de Estado e, em alguns casos, atacarem violentamente instituições democráticas.
Em 8 de janeiro, 1.380 pessoas foram presas em flagrante por atos antidemocráticos em Brasília. Até agora, 1.245 delas viraram rés pelo episódio, que culminou com depredação das sedes dos três poderes. Elas terão de responder processo judicial. Ainda faltam 135 denúncias da Procuradoria-Geral da República para serem analisadas.
Dos 1.380 presos no dia 8, 105 são gaúchos. Desse grupo, 94 já foram transformados em réus pelo STF (36 são mulheres).
Dos gaúchos réus, oito foram flagrados invadindo ou depredando prédios do Judiciário, Legislativo ou Executivo. Eles são acusados de crimes graves: associação criminosa armada, abolição do Estado de direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Eles podem pegar, se condenados, penas que podem chegar a 24 anos de prisão.
Os outros 86 foram presos enquanto estavam acampados em frente a quartéis (como o QG do Exército, no Setor Militar Urbano de Brasília, apelidado de "Forte Apache"), protestando e pedindo intervenção militar. Eles respondem por incitação ao crime (artigo 286 do Código Penal, cuja pena é de três a seis meses de detenção) e associação criminosa (artigo 288 do CP, pena de um a três anos de reclusão).
Todos os sete gaúchos que foram transformados em réus na noite de sexta-feira (9) estão no grupo dos que respondem acusações menos graves (incitação ao crime e associação criminosa). Dos sete novos acusados, quatro são mulheres. Todos estão em liberdade vigiada, obrigados a usar tornozeleira eletrônica. Alguns já estiveram em presídios e foram enviados para casa, mas seguem monitorados.