O Ministério Público denunciou, na manhã desta quarta-feira (6), 14 pessoas por suposto desvio de recursos da gestão do Inter em 2015/2016. Os delitos teriam ocorrido com a apresentação de notas fiscais fictícias para justificar saques na boca do caixa e comissões na negociação de jogadores. Confira o que envolve cada denunciado:
Vitorio Piffero, ex-presidente
O ex-presidente Vitorio Piffero foi acusado de estelionato e organização criminosa. O MP aplicou a Piffero a teoria do domínio do fato. Para o órgão, os supostos desvios, que teriam ocorrido de forma reiterada, não poderiam ter ocorrido sem o conhecimento e consentimento do presidente. A denúncia cita um parágrafo da lei que define organizações criminosas para agravar a conduta de Piffero: "A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução".
O que diz Nei Breitman, advogado de Vitorio Piffero: "A respeito de fatos ilicitos que eventualmente tenham ocorrido na gestão do senhor Vitorio Piffero, ele não tinha conhecimento".
Pedro Affatato, ex-vice de Finanças
Ex-vice-presidente de Finanças, Pedro Affatato teria se beneficiado com cerca de R$ 10 milhões retirados do caixa do clube. Para justificar as retiradas, ele teria contado com notas fiscais de serviços fictícios de empresas desconhecidas ou até inoperantes. Affatato foi denunciado por estelionato, crime continuado, organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Por meio de quebras de sigilo bancário, foi verificado que o ex-vice-presidente de Finanças teria repassado parte do dinheiro retirado do Inter para as empresas de sua famílias, a Sinarodo e a Rodoseg.
O que diz Andrei Zenkner Schmidt, advogado de Pedro Affatato: "Não acessamos ainda a denúncia e, após acessar, vamos nos manifestar apenas nos autos do processo".
Emídio Marques Ferreira, ex-vice de Patrimônio
O ex-vice de Patrimônio do Inter Emídio Ferreira teria recebido a quantia de R$ 53,4 mil em sua conta pessoal e de uma empresa de sua propriedade, a Pavitec do Brasil Pavimentadora Técnica Ltda. Ferreira avalizou notas fiscais com a descrição de serviços falsos, usadas por Affatato para justificar saques do caixa do Inter. Um dos empresários que forneceu as notas fiscais foi Ricardo Bohrer Simões, que já foi responsável técnico de empresas de Ferreira. O ex-vice-presidente de Patrimônio foi denunciado por estelionato, organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
GaúchaZH está entrando em contato com os envolvidos para ouvir os contrapontos.
Carlos Pellegrini, ex-vice de futebol
Conforme o Ministério Público, o ex-vice de futebol colorado Carlos Pellegrini teria obtido mais de R$ 230 mil em comissões para concretizar negociações de jogadores como Paulo Cézar Magalhães, Cláudio Winck, Alisson, Ariel e Réver. As negociações teriam se consumado a partir de acordos com empresários de futebol e transações bancárias interceptadas pelo Ministério Público com autorização judicial. Pellegrini foi denunciado por estelionato e lavagem de dinheiro.
O que diz Jorge Teixeira, advogado de Carlos Pellegrini: "Carlos Pellegrini nunca causou nenhum prejuízo ao Sport Club Internacional. Pellegrini não emitiu nenhuma nota fiscal para justificar qualquer recebimento do Sport Club Internacional. Ele também trabalhou na empresa do Fernando Otto por oito anos. Todos os pontos da denúncia serão devidamente contestados".
Carlos Eduardo Marques, engenheiro do clube
O engenheiro Carlos Eduardo Marques teria avalizado notas fiscais com a descrição de serviços fictícios, as quais foram usadas para justificar saques no caixa do clube. Foi denunciado por estelionato, falsidade ideológica e organização criminosa.
GaúchaZH está entrando em contato com os envolvidos para ouvir os contrapontos.
Ricardo Bohrer Simões, empresário
O engenheiro civil Ricardo Boher Simões teria sido o responsável por fornecer notas fiscais com a descrição de serviços fictícios de empresas como Keoma, Pier e Egel. A partir dos documentos fornecidos por Simões, dirigentes do Inter dariam baixa em saques feitos no caixa do clube. Simões foi denunciado por estelionato, falsidade ideológica, crime continuado, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O que diz Rafael Ariza, advogado de Ricardo Bohrer Simões: "Somente nos manifestaremos após ter acesso à denúncia que foi noticiada. Ainda não conhecemos o teor".
Adão Silmar de Fraga Feijó, contador
Era o contador de todas as empresas usadas para emitir notas fiscais de serviços fictícios ao Inter. Foi denunciado por estelionato, crime continuado, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O que diz Rafael Ariza, advogado de Adão Silmar de Fraga Feijó: "Somente nos manifestaremos após ter acesso à denúncia que foi noticiada. Ainda não conhecemos o teor".
Paola Affatato, empresária e irmã de Pedro
Empresas de Paola Affatato, a Sinarodo e a Rodoseg, teriam se beneficiado com valores desviados do Inter pelo irmão e ex-dirigente colorado. Foi denunciada por lavagem de dinheiro e crime continuado.
O que diz Maurício Tasca, advogado de Paola Affatato: "Tendo em vista que a denúncia foi apresentada hoje e ainda não tive acesso ao seu conteúdo, não faremos, nesse momento, comentários a respeito".
Arturo Affatato, empresário e irmão de Pedro
Empresas dele, a Sinarodo e a Rodoseg, teriam se beneficiado com valores desviados do Inter pelo irmão e ex-dirigente colorado. Foi denunciado por lavagem de dinheiro, crime continuado, estelionato e falsidade ideológica.
O que diz Maurício Tasca, advogado de Arturo Affatato: "Tendo em vista que a denúncia foi apresentada hoje e ainda não tive acesso ao seu conteúdo, não faremos, nesse momento, comentários a respeito".
Rogério Braun, empresário de futebol
O empresário de futebol Rogério Braun foi denunciado por estelionato de forma cumulativa (concurso material). Teria atuado em conluio com Carlos Pellegrini para lesar o Inter nas negociações dos atletas Cláudio Winck, Alisson e Ariel.
O que diz Aury Lopes Junior, advogado de Rogério Braun: "A defesa do Rogério não concorda com a denúncia. Entendemos que o Ministério Público fez uma interpretação equivocada dos fatos em relação a ele e vamos comprovar no processo que ele não praticou nenhum crime, nenhuma ilegalidade e que ele é completamente inocente destas acusações, que são frutos de uma incompreensão da situação por parte do Ministério Público em relação a participação dele".
Paulo Cézar Magalhães, tio do ex-lateral do Inter de mesmo nome
Teria participado de esquema de comissionamento quando o Inter contratou o seu sobrinho, que também se chama Paulo Cézar. Denunciado por estelionato de forma cumulativa e lavagem de dinheiro.
O que diz Paulo Cézar Magalhães: "O Pellegrini me falou que eu tinha que repassar o valor para ele pagar os empresários. Foi o que eu fiz, tanto que depositei o dinheiro para pagar eles, mas na verdade ficou para ele. Nunca iria desconfiar que ele estava fazendo alguma coisa errada".
Giuliano Bertolucci, empresário de futebol
Denunciado por estelionato e lavagem de dinheiro. Teria atuado em conluio com Carlos Pellegrini para lesar o Inter na negociação do zagueiro Réver.
O que diz Giuliano Bertolucci: "Estou faz 25 anos no mercado e jamais tivemos qualquer problema nesse sentido. Cumpre esclarecer que compareci na audiência e prestei as informações que me foram solicitadas. Estou à disposição da Justiça para prestar todos os esclarecimentos necessários e deixar evidente que tudo que eu fiz, foi dentro da lei e dentro das normas tributárias vigentes".
Fernando Otto, empresário de futebol
Denunciado por estelionato. Teria atuado em conluio com Carlos Pellegrini para lesar o Inter na negociação do zagueiro Réver.
O que diz Jonatas Silva de Souza, advogado de Fernando Otto: "Nós só vamos nos pronunciar após ter acesso integral ao teor da denúncia".
Carlos Alberto de Oliveira Fedato, empresário de futebol
Denunciado por lavagem de dinheiro. Seria associado do empresário de futebol Giuliano Bertolucci e teria emprestado suas contas para a movimentação de recursos, inclusive para supostos pagamentos a Carlos Pellegrini.
GaúchaZH está entrando em contato com os envolvidos para ouvir os contrapontos.