A congregação Josefinos de Murialdo emitiu nota revelando que o padre Evair Heerdt Michels não mora mais em comunidades da congregação desde o ano passado. O religioso foi denunciado pelo Ministério Público por armazenar e transmitir imagens de pornografia infantil.
Em julho de 2018, o Grupo de Investigação da RBS (GDI) flagrou Michels rezando missa e abençoando crianças em Caxias do Sul. Na ocasião, ele usava tornozeleira eletrônica e estava proibido pela Justiça Federal de participar de atividades com crianças e adolescentes.
Michels foi investigado pela Polícia Federal por envolvimento com pornografia infantil. A PF encontrou em computadores usados por ele milhares de imagens de crianças ou adolescentes em cenas de sexo. Quando o caso veio à tona, no ano passado, o comando da congregação no Brasil à época informou que ele estava sendo afastado das missas públicas, mas que poderia seguir fazendo celebrações na casa paroquial em que morava, em Fazenda Souza, Caxias do Sul.
Agora, com o desdobramento da investigação, que resultou na acusação do MP contra o padre, a congregação prestou novas informações. Conforme a assessoria de comunicação, Michels não reside "nem frequenta os ambientes da Rede Murialdo de Educação e da Congregação dos Josefinos de Murialdo".
A nota reforçou ainda que a "Entidade Murialdo prima pelos seus princípios, sendo a mais interessada pelo esclarecimento e pela solução do caso, concebendo ser inaceitável qualquer atitude que viole os princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente".
Padre está em Santa Catarina
Segundo a assessoria, Michels mora com familiares em Santa Catarina e não retornará ao convívio da congregação antes de uma decisão final da apuração. Em agosto, a Justiça Federal declinou da competência no caso e o processo em que o padre foi denunciado tramita na 6ª Vara Criminal de Porto Alegre. A denúncia ainda não foi analisada. Também depois da divulgação do caso, no ano passado, Michels foi excluído do quadro de sócios do Instituto Murialdo, o que o impede de assumir cargos dentro da instituição.
Conforme o novo provincial da congregação Josefinos de Murialdo no Brasil, padre Marcelino Modelski, a instituição afastou e suspendeu Michels com base no que foi apurado pelas autoridades.
— Não houve necessidade de abrir apuração naquele momento. A punição foi aplicada. Na época em que a Polícia Federal achou o material, todas instâncias da congregação - até em Roma - tiveram conhecimento e as medidas cabíveis foram adotadas. Entendemos ser prudente aguardar o resultado do processo criminal, pois essa decisão terá peso no processo canônico. Quando houver uma sentença, haverá decisão canônica — explicou Modelski.