A Polícia CIvil, por meio da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública e Ordem Tributária (Deat), cumpre na manhã desta quarta-feira (23) mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao M.Grupo no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, São Paulo e Goiás.
Cerca de 70 policiais vasculham 15 endereços comerciais e residenciais à procura de documentos da empresa, também conhecida pela razão social de Magazine Incorporações, investigada por vender imóveis e não entregá-los a centena de clientes e com falência decretada pela Justiça.
Apoiados por colegas locais, agentes gaúchos estão em Goiânia, em São Paulo, em São Carlos, interior paulista (terra natal de Lorival Rodrigues, um dos donos do M.Grupo), em Florianópolis (Lorival tem uma mansão em Jurerê Internacional) e em Canoas, Nova Santa Rita e Porto Alegre. Na Capital gaúcha, um dos alvos é a antiga moradia de Lorival na Rua General Francisco de Paula Cidade, no bairro Chácara das Pedras.
A ofensiva leva o nome de Operação Torre Negra, em alusão às edificações que o M.Grupo prometeu construir, mas deixou inacabadas, incluindo um apart-hotel de 17 andares em Porto Alegre, e três prédios residenciais e três comerciais em Gravataí, entre eles o Majestic Business Tower, que deveria ser o mais alto edifício do Estado com 42 andares, mas jamais saiu do chão.
— Estamos em busca de documentos que mostrem a sucessão empresarial do M.Grupo para verificar se as empresas criadas eram apenas de fachada, com intenção de dificultar o retorno do dinheiro aos clientes — afirma o delegado Max Ritter, da DEAT.
Mais de 400 pessoas já pagaram cerca de R$ 90 milhões ao M.Grupo e seguem sem usufruir dos imóveis. Parte delas se reuniu em associações para ter direito à posse, mas terá de gastar ainda mais para concluir salas comerciais e apartamentos.
O M.Grupo teria mais de uma centena de empresas dos mais variados ramos de atividades, lideradas, em sua maioria, por Lorival e o filho, Cyro Santiago Rodrigues. Em junho de 2016, o M.Grupo somava R$ 505,8 milhões em dívidas com clientes, bancos, investidores, agentes financeiros e tributos fiscais. O M.Grupo já investiu em cinco shoppings e em um hotel, mas perdeu o controle dos negócios por causa de dívidas com agentes financeiros.
A polícia evita detalhes sobre a operação, pois a investigação tramita em segredo de Justiça.