A reportagem O homem da faculdade de papel, do jornalista José Luís Costa, repórter do Grupo de Investigação da RBS (GDI), recebeu o prêmio Prêmio Estácio de Jornalismo na categoria Impresso Regional. A entrega ocorreu na noite de quinta-feira, em cerimônia realizada no Hotel Hilton Copacabana, no Rio de Janeiro. Na edição deste ano, 386 reportagens de veículos de imprensa de 24 estados e do Distrito Federal concorreram ao prêmio, 24 foram finalistas em nove categorias, entre as quais mídia impressa, TV, rádio e internet.
Publicada em Zero Hora no dia 2 de março, a reportagem O homem da faculdade de papel contou a história da faculdade inativa Facspar, integrante do Grupo Facinepe, comprada pelo advogado Faustino da Rosa Junior, que emitia diplomas de bacharel e certificados de pós-graduação sem valor legal.
Leia a reportagem premiada:
Da fraude ao império: a história do homem da faculdade de papel
Dono de faculdade com credencial vencida emitiu diplomas falsos
Para nova faculdade, condenado por fraude faz obra irregular na Capital
MPF investiga propaganda enganosa do Facinepe
Conexão Medellín-Facinepe: cirurgião plástico com certificado obtido no Brasil é suspeito de causar mutilação e morte na Colômbia
A Facspar também emitia certificados de cursos de pós-graduação em cirurgia plástica para médicos estrangeiros, um deles, o médico colombiano Daniel Posada, foi tema de nova reportagem publicada pelo GDI em 2 junho: Conexão Medellín-Facinepe. Posada é suspeito de causar mutilações em pelo menos 12 pacientes e da morte de uma mulher na Colômbia.
— O prêmio é um grande reconhecimento ao trabalho do multipremiado jornalista José Luís Costa e à criação do Grupo de Investigação da RBS. Queremos investir ainda mais em reportagens investigativas que denunciem aquilo que está errado na sociedade e que tragam transformações positivas — disse Marta Gleich, diretora de Redação de Zero Hora e dos jornais do Grupo RBS.
Após a publicação da investigação do GDI, o Grupo Facinepe fechou as portas. A reportagem teve diversas outras repercussões: a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) abriu processo ético disciplinar para avaliar a conduta do advogado Faustino da Rosa Junior. O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para apurar suposta propaganda enganosa e o Ministério da Educação instaurou portaria que abriu processo de descredenciamento da Facspar. A revelação dos fatos também levou o Ministério da Educação a publicar em seu site a verdadeira situação da faculdade (fechada desde 2011), alertando milhares de alunos que tinha títulos sem valor legal e outros a cancelar matrículas com a Facinepe.
Relembre a reportagem
A reportagem O homem da faculdade de papel revelou a história de Faustino da Rosa Junior, advogado condenado por falsificar diplomas universitários e que se apresentava como um dos maiores empresários do setor de Ensino Superior no país, CEO do Grupo Educacional Facinepe. Faustino oferecia cursos de pós-graduação em Medicina e outras centenas de cursos para médicos brasileiros e sul-americanos sem valor legal. O Grupo Facinepe tinha mais de mil alunos no Brasil e no Exterior. Os títulos eram emitidos em nome de uma faculdade que estava fechada havia seis anos.
Após a publicação da reportagem o GDI descobriu que, com certificado obtido em instituição vinculada ao grupo de ensino Facinepe, um cirurgião plástico colombiano, Daniel Andrés Correa Posada, passou a operar, em Medellín, utilizando-se da fama da escola de medicina plástica brasileira. A Facinepe, porém, nunca recebeu autorização do Ministério da Educação brasileiro para operar, tampouco poderia conceder certificados de cirurgião plástico, como o do cirurgião geral. Uma mulher, Diana Perez Giraldo, morreu em decorrência da cirurgia mal feita por Posada. Outras 12 mulheres sofreram lesões corporais graves durante procedimentos realizados por Posadas.
O que é o GDI
Em dezembro de 2016, o Grupo RBS reuniu 10 dos seus mais experientes jornalistas investigativos e formou o GDI: um Grupo de Investigação que tinha por objetivo entregar ao público gaúcho um número muito maior de reportagens investigativas. O GDI é formado por repórteres de Zero Hora, RBS TV, Rádio Gaúcha e Diário Gaúcho e lança luz sobre assuntos que mexem com a vida do cidadão e provocam autoridades a corrigir erros.