Desde criança, na Praia do Cassino, em Rio Grande, a 69ª Miss Universo Brasil, Maria Eduarda Brechane, 19 anos, mantém um estreito contato com o campo e com os hábitos tradicionalistas. Montar a cavalo era algo costumeiro, pois, segundo ela, traz uma forte sensação de liberdade e confiança. Além disso, seus pais, Juliana e Rivelino Brechane, sempre incentivaram ela e a irmã, Julya, a estudarem e ter contato com a cultura gaúcha. Foi assim que entrou no Departamento de Tradições Gaúchas (DTG) Estância de São Pedro.
— Comecei a dançar e a declamar. Também competi algumas vezes como dançarina e como declamadora — recorda.
Aos 15 anos, concorreu ao título de prenda juvenil em seu DTG e venceu. Desta maneira, nutriu o sonho de se tornar uma das prendas do Estado. Ao enxergar a magnitude do concurso tradicionalista, também mirou na faixa de Miss Brasil. No DTG, Maria ressalta que foi possível aprender a ter valores que leva até os dias de hoje:
— O principal é o respeito. A inclusão me encanta muito.
Em rápida passagem pelo Estado no mês de agosto, depois de um grande período sem frequentar um ambiente tradicionalista, Maria Eduarda reviveu seus momentos como prenda juvenil. O local para essa conexão foi o Centro de Tradição Gaúcha (CTG) Independência Gaúcha, em Esteio.
— Teve uma repercussão muito grande nas redes sociais, porque pedi permissão para, mesmo não estando com a pilcha, dançar novamente. Foi uma experiência que eu nem sabia que precisava — diz.
Mate
Neste regresso ao Rio Grande do Sul, também foi possível resgatar a sua cuia, da qual tanto sentia falta na capital paulista, onde reside atualmente. Ela conta que voltou carregada de erva-mate e, agora, tem um grande estoque para preparar seu chimarrão.
Aliás, a bebida típica dos gaúchos carrega um fato curioso. Durante a cerimônia do Miss Brasil, Maria levou de presente mini kits de chimarrão para as candidatas. Na ocasião, fez uma pequena oficina, ensinando como montar um mate. O gesto conquistou uma adepta de outra localidade do país.
— A Miss Rio de Janeiro tem uma cuia personalizada, com o nome dela escrito. Ela disse que se apaixonou — comenta.
Outra forma especial de chamar a atenção para o Estado foi o seu traje no concurso, elaborado pelo estilista Bruno Oliveira. O vestido foi inspirado na Chama Crioula. Segundo ela, o símbolo gaúcho transmite a ideia de um fogo que nunca se apaga, do quente do mate nas mãos dos gaúchos.
— A repercussão foi maravilhosa. As candidatas ficaram curiosas, queriam entender mais sobre o 20 de Setembro e o quão importante tudo isso é para nós — lembra.
Maria conta que já frequentou algumas vezes o Acampamento Farroupilha, em Porto Alegre. No piquete do DTG da sua cidade natal, por três anos seguidos foi uma das jovens que ficava cuidando da chama crioula.
E para o Miss Universo, que ocorrerá no dia 18 de novembro, em El Salvador, Maria escolheu a estilista Daniela Setogutti, também gaúcha. Para seu vestido de gala, garante que levará algo de influência do Rio Grande do Sul, até porque, para ela, ser gaúcha é sonhar grande:
— É ser forte, ter gana. Não existem barreiras para conquistar o universo ou o que quiser.