Há pessoas que só iniciam o dia depois de beber o mate amargo, tem também aquelas que não dispensam a bebida ao fim do dia, curtindo o pôr do sol ou na varanda de casa com a sensação de dever cumprido. Passar a cuia de mão em mão é um momento de união e aconchego. Do ponto de vista social, servir um mate a um visitante demonstra a hospitalidade do gaúcho, o quão confortável e aberto ele é para uma prosa. Esse costume faz com que todos se sintam em casa e acolhidos. Um gesto simples, mas que diz muito sobre as pessoas do sul do Brasil.
Infelizmente, no momento em que estamos vivendo, o compartilhamento do chimarrão teve que ser interrompido, mas a tradição de um bom mate, jamais. Mesmo que, cada um com a sua cuia, ou seja para tomar sozinha em casa, os gaúchos nunca abandonam o companheiro.
Abaixo, alguns detalhezinhos que podem deixar teu chimas ainda mais saboroso e um passo a passo do nosso querido amigo Antônio Costaguta para fazer o mate perfeito:
CUIA
Existem dois modelos mais comuns. As uruguaias, também chamadas de gajeta ou coquinhos, são menores e mais usadas quando se quer tomar o mate sozinho. Além disso, elas têm a vantagem de possibilitar um consumo rápido, antes que a água esfrie. A cuia gaúcha, ou bago de toro, é aquela que é desenhada pelo porongo. Geralmente tem um pescoço curto e o fundo mais arredondado. São as mais tradicionais e muito utilizadas quando se compartilha o chimarrão.
BOMBA
A bomba deve ser preferencialmente de aço inoxidável, pois não deixa gosto e não interfere na bebida.
ÁGUA
Três fatores devem ser levados em conta quando servimos a água. Em primeiro, a qualidade, ela deve ser mineral ou filtrada. Segundo, a quantidade também é importante. Se houver pouca água, o mate pode entupir. O certo é preencher a cuia até o pescoço. A temperatura deve ter em torno de 70 graus para que não queime a erva, mantendo o sabor e as propriedades benéficas.
ERVA
É preciso cuidar a data de fabricação da erva, quanto mais nova melhor. Ela deve ser sempre armazenada no freezer, por ser sensível e se modificar muito com o tempo. As baixas temperaturas mantêm por mais de dois anos os sabores originais da erva-mate.
TIPOS DE ERVA:
NATIVA:
A erva-mate nativa é feita com a planta Ilex Paraguarienses colhida em seu habitat natural. A produção é feita, em sua maior parte, no Paraná. O resultado é uma erva suave, não tão amarga, bastante utilizada para fazer chimarrão.
TRADICIONAL:
Diferente da nativa, a erva-mate tradicional é cultivada especialmente para a produção. Muito encontrada na região de Venâncio Aires, é utilizada tanto para chimarrão quanto para tererê. A mistura de 70% de folha e 30% de caule tem um nível de amargor intermediário.
MOÍDA GROSSA:
Essa denominação se refere ao tipo de moagem a que é submetida a erva após a desidratação e secagem. O processo faz com que os pedaços das folhas sejam menos processados, mantendo o amargor.
PURA FOLHA:
O processamento é feito exclusivamente com as folhas da planta, deixando o sabor mais amargo entre os tipos já citados. É mais consumida na Argentina e no Uruguai e, geralmente, funciona melhor em cuias de formato coco, pois a quantidade
Há diferentes maneiras de fazer um bom chimarrão. A técnica destacada abaixo é a sugestão de Antônio Costaguta, assador e criador do projeto El Topador e um seguidor da cultura gaúcha.
- Coloque erva até a altura do pescoço da cuia.
- Para formar o morro, tampe um lado da cuia com uma das mãos, ou com o auxílio de algum objeto, e deite-a de lado. Com isso, a erva se concentrará em um dos lados da cuia.
- Misture água quente (70ºC) com água e temperatura ambiente para deixar morna. Coloque-a no espaço não ocupado pela erva.
- Deixe a cuia inclinada no porta cuia por até quatro minutos para cevar a erva. A água vai penetrar nela e manterá o morro firme.
- Segure a cuia na posição de sorver o mate e acrescente mais água quente até chegar na borda.
- Hora de colocar a bomba. Para isso, tampe a extremidade superior da bomba com o dedo para evitar a entrada de ar. Coloque a bomba no mate e ajeite na lateral para beber. Beba até roncar e passe adiante.
- Agora é só aproveitar seu chimarrão!