Terça-feira (22) foi um dia de tristeza, choro e fim de uma espera em Pelotas, no sul do Estado. O município recebeu os corpos da delegação do Remar para o Futuro, que eram aguardados desde o domingo (20), quando nove pessoas morreram em um acidente de trânsito no Paraná.
Uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) pousou no aeroporto pelotense às 17h05min, com os caixões das vítimas. As urnas foram colocadas em veículos do Exército e transportadas em um cortejo pelas principais ruas de Pelotas.
Por volta das 18h30min, a comitiva chegou ao Clube Centro Português 1º de Dezembro, onde ocorre o velório coletivo. Os caixões foram retirados dos veículos do Exército e depositados no interior do centro de eventos, para início da cerimônia. Neste trajeto, eles passavam por uma espécie de túnel feito com remos.
O velório, com caixões fechados, tem previsão de seguir durante a noite, ainda sem estimativa de quando será encerrado. Também não há informações sobre onde e quando as vítimas serão sepultadas.
Os enterros devem acontecer em horários e locais diferentes, a depender da vontade das famílias. Uma funerária local informou à reportagem, sem dar mais detalhes, que quatro corpos serão sepultados ainda na noite desta terça e um será cremado.
A cerimônia teve a presença do ministro do Esporte, André Fufuca. O governador do RS, Eduardo Leite, esteve no local mais cedo e acompanhou a chegada dos corpos no aeroporto.
A espera de uma mãe
A previsão inicial era de que o traslado dos corpos ao Estado fosse feito entre o fim da noite de segunda-feira (21) e o início da madrugada de terça-feira. No entanto, o processo foi adiado por conta da preparação dos corpos feita por uma funerária da capital do Paraná.
Com isso, amigos e familiares das vítimas ficaram horas à espera. Erica Lopes, 42 anos, aguardava reencontrar o filho, Samuel Benites Lopes, 15. Segundo ela, o rapaz participava da equipe havia dois anos e tinha criado uma rotina de dedicação ao esporte, que se refletiu na melhora das notas escolares.
— Nossa família é humilde, então vimos como uma oportunidade. O Samuel tinha um futuro promissor no remo, estava com médias excelentes e se sentia confiante, mesmo em uma carreira que é tão difícil. A família toda era um orgulho só — conta Erica.
A professora recebeu a notícia do acidente no início da madrugada de segunda-feira. Ao notar a hora da chamada, entendeu que não se tratava de uma notícia boa.
— É uma perda sem comparação. Ele era o orgulho da família — diz.