Em entrevista ao programa Faixa Especial, da Rádio Gaúcha, no domingo (8), o especialista em segurança de voo, comandante Fábio Borille, detalhou o relatório preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) sobre a queda do avião da Voepass, divulgado na sexta-feira (6) pela Força Aérea Brasileira (FAB).
De acordo com o especialista, havia um alerta de gelo emitido pelo sistema de meteorologia da Aeronáutica.
— Nós tínhamos um alerta de gelo severo emitido pela rede de meteorologia da Aeronáutica, que é uma rede muito completa, baseada em informações meteorológicas, então não é previsão e sim informação atual. E esse alerta já estava previsto a partir de 12 mil até 20 mil pés, se não estou enganado, que é justamente essa faixa que ocorre a formação de gelo.
Segundo a investigação da FAB, alguns minutos após a decolagem, ainda quando o avião subia para atingir a altura prevista no plano de voo, um sensor indicou, por meio de luz no painel dos pilotos, que havia formação de gelo junto às asas. O sistema que deveria remover o gelo foi acionado, mas, em seguida, a gravação de voz da cabine indica que um dos tripulantes comentou sobre mau funcionamento deste equipamento. Ele voltaria a ser acionado durante o voo, mas a formação de gelo foi enfrentada durante grande parte da viagem.
Questionado sobre o que poderia ter causado a queda da aeronave, o comandante afirma que é necessário mais informações, sobretudo do gravador de dados da aeronave.
— A gente, por enquanto, tem só o voice recorder, né? E as informações já nos ajudaram bastante a definir isso. Eu, hoje, estou inclinado ainda a um operacional, um fator humano, acho que foi muito contribuinte nessa situação, mas a gente ainda não pode afirmar com 100% de certeza se seria só isso.
O chefe do Cenipa, brigadeiro Marcelo Moreno, destacou que o órgão não avalia, ainda, que esta foi a causa do acidente, porque este suposto problema não foi verificado no flight data recorder (FDR), que registra ocorrências técnicas no voo.
O oficial também classificou a aeronave como segura para viajar.
— Essa aeronave é extremamente segura. Ela é certificada por várias agências do mundo afora, voa muito na Europa, voa muito também nos Estados Unidos, é segura, eu não tenho receio nenhum de voar nessa aeronave, é ótima.
Relembre o caso
A aeronave modelo ATR 72-500, propriedade da companhia Voepass, caiu em uma área residencial do município de Vinhedo, interior de São Paulo, no começo da tarde de 9 de agosto. O voo havia partido de Cascavel (PR), com destino a Guarulhos (SP).
Havia 62 pessoas a bordo, sendo 58 passageiros e quatro tripulantes. Todos morreram na queda. Quatro das vítimas eram nascidas no Rio Grande do Sul.
A empresa diz que a aeronave tinha passado por manutenção no dia anterior ao acidente, sem apresentar qualquer problema.
A queda do avião da Voepass é o quinto maior acidente em número de vítimas da aviação brasileira.