A prefeitura de Montenegro, no Vale do Caí, informou, nesta quarta-feira (1º), que mais de 1,2 mil pessoas precisaram deixar suas residências devido à cheia do Rio Caí. Os bairros mais afetados são Industrial e Ferroviário. No entanto, a reportagem também verificou que os bairros Bela Vista e Centro estão alagados.
De acordo com a última atualização do sistema de monitoramento e medição do governo federal, realizada durante a manhã, o nível do rio estava em 9m01cm — cerca de três metros acima da cota de inundação. Desde então, o sistema não funcionou mais e não houve nova medição, mas a Defesa Civil do município estima que o nível já tenha ultrapassado 10 metros. Em São São Sebastião do Caí, situado à montante, o Rio Caí seguia apresentando elevação e chegou a 16m20cm, de acordo com a medição das 19h30min pela Defesa Civil local. Por isso, a tendência é que o nível siga em elevação em Montenegro pelas próximas horas.
Cerca de 200 pessoas estão abrigadas no Ginásio do Sesc e no Ginásio Domingo dos Santos.
A dona de casa Juliana Matos, 30 anos, moradora do bairro Ferroviário saiu de casa com dois de seus quatro filhos, sua esposa e seu gatinho ainda enquanto era tempo.
— Saímos com a água perto de entrar em casa e, agora, ficamos sabendo que a água está quase cobrindo as janelas. Só me preocupei em tirar as crianças, mas estava aqui pensando como vai ser quando a gente voltar — conta.
No bairro Ferroviária, voluntários em barcos faziam buscas por quem ainda precisava de ajuda para sair de casa. O relato era de inúmeras pessoas aguardando por resgate. Em um dos casos, uma família inteira saiu com a água próximo ao pescoço.
Os voluntários se organizam por endereços e quantidade de pessoas. No entanto, a forte correnteza preocupa já que coloca em risco também quem ajuda.
O morador Paulo Petry, 58 anos, aguardava aflito por notícias do sobrinho. O homem de 37 anos foi buscar o cachorro ainda durante a manhã desta quarta-feira e até às 17h não havia retornado. Ele esperava por um barco para ir até o local.
— O sentimento é de aflição e angústia. A casa dele, de dois pisos, já estava cheia de água, quando ele foi buscar o cachorrinho. Estou tentando não perder a fé, mas com essa correnteza, é difícil — contou emocionado.
No bairro Bela Vista, moradores montaram um acolhimento para esperar os resgatados. Alimentos, toalhas e roupas estão à disposição da população.
Silvia Melina, 43 anos, contou que saiu da sua casa no bairro Ferroviária com suas duas filhas, seis e 10 anos, no início da tarde. Apenas com a roupa do corpo, parou no acolhimento para buscar agasalhos e alimentos.