A Viemar Automotive, fabricante nacional de autopeças para o mercado de reposição, produz 32 mil peças para veículos por dia. A empresa, que fica em Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre, produz 1,6 mil produtos diferentes. Mas o que chama a atenção não é apenas essa variedade, e sim as práticas usadas no dia a dia dos 700 funcionários. A Viemar segue a cartilha ESG, sigla em inglês para definir o conceito que reúne políticas de meio ambiente, responsabilidade social e governança. O termo surgiu em 2004, como um desafio da Organização das Nações Unidas (ONU) para um grupo de presidentes de instituições financeiras.
— É agir com ética, pensando no bem comum, de tudo que está envolvido no negócio. Tudo foi muito pautado em solucionar a vida do mecânico, do aplicador e também o resto da cadeia — explica Juliana Toniolo, a CEO da empresa.
O uso das práticas ESG foi assunto do painel RBS Notícias desta quinta-feira (18). Os participantes do debate, transmitido por GZH, lembraram que a temática ganhou popularidade em 2020, durante a pandemia da Covid-19. Segundo a doutora em sustentabilidade e engenharia Andrea Pampanelli, os princípios podem ser adotados por empresas de qualquer tamanho e setor. Ela destaca alguns pontos que devem ser observados por quem quer começar este trabalho.
— É preciso fazer um diagnóstico, entender o que a gente já tem, quais são as vulnerabilidades. O ESG está vinculado à estratégia, então, entender se existem riscos para o negócio e quais as oportunidades que a gente poderia melhor utilizar — diz ela.
Andrea explica que também é preciso trabalhar a liderança e entender o benefício como um todo.
Para o diretor corporativo industrial do Grupo Gerdau, Maurício Metz, a sustentabilidade é um reflexo do desenvolvimento da sociedade e as empresas precisam responder a isso com uma proposta de valor.
— O resultado pode vir de um produto diferente que você está propondo, de um serviço que um cliente consegue fazer por se relacionar comercialmente conosco, mas também até pela percepção que a sociedade tem da empresa na relação com ela. O mais importante é que, se a gente conseguir associar o resultado financeiro, o que a gente gera de valor, com algo que impacta, de fato, a sociedade em temas que não necessariamente são apenas o lucro, a gente está cumprindo o nosso papel como organização — disse ele.
As boas práticas do ESG já fazem parte do desenvolvimento dos alunos do Senai-RS que são incentivados a apresentar soluções levando em conta o equilíbrio de negócios e meio ambiente.
— A sociedade muda. E se a gente olhar para o futuro, é muito simples enxergar que a sociedade está cada vez mais exigindo uma posição mais de cuidado — lembrou o diretor regional Carlos Artur Trein.
O desempenho das empresas também está diretamente ligado ao cuidado com as pessoas. De acordo com o superintendente do Sesi-RS, Juliano Colombo, pesquisas mostram que os clientes optam por grupos preocupados com o social.
— O sucesso da empresa tem que estar ligado ao sucesso da sociedade, é isso que a gente tem que enxergar, a empresa como parte importante da sociedade — disse.