Os dois agentes federais que morreram na queda do avião Cessna 206 B Caravan, em Belo Horizonte, na tarde de quarta-feira (6), eram pilotos experientes, com histórico de treinamentos e de participação em operações internacionais da Polícia Federal (PF).
Um deles é o policial federal Guilherme de Almeida Irber, 44 anos. Ele havia participado de várias missões de extradição de presos com condenações no Brasil. Irber esteve, por exemplo, na equipe que executou a busca do italiano Cesare Battisti, da Bolívia, para o Brasil, em janeiro de 2019. Posteriormente, Battisti, condenado à prisão perpétua em 1993 sob a acusação de ter cometido quatro assassinatos na Itália nos anos 1970, foi extraditado para seu país de origem.
Irber participou de pelo menos quatro treinamentos de voo e simulação de diversos modelos de aeronaves entre 2021 e 2023. Um desses treinamentos ocorreu em maio de 2021, nos Estados Unidos, em um modelo semelhante ao que caiu no acesso ao aeroporto da Pampulha, na capital mineira.
O agente também havia concluído, há três anos, uma especialização no Instituto Tecnológico de Aeronáutica, em São José dos Campos, no interior de São Paulo.
Tanto Irber como o colega, José de Moraes Neto, 50 anos, faziam parte da Coordenação de Aviação Operacional da Diretoria-Executiva da Polícia Federal, em Brasília.
Neto, inclusive, participou do mesmo curso realizado por Guilherme Irber sobre a aeronave modelo Cessna que caiu em Minas Gerais. Em 2021, ele esteve no Estado de Kansas, nos Estados Unidos, para participar do Treinamento de Solo e Treinamento de Voo em Simulador, referente a aeronave. O agente, que morava na Octogonal, em Brasília, estava na Polícia Federal há 28 anos e deixa esposa e dois filhos.
O avião da PF que caiu logo após decolar no aeroporto da Pampulha, na tarde de quarta-feira, foi fabricado em 2001, tinha capacidade total de 11 pessoas, sendo dois tripulantes e nove passageiros. A aeronave foi adquirida em novembro de 2001 e, segundo a FAB, estava em situação normal de aeronavegabilidade.
Além dos dois policiais que morreram, o mecânico de uma empresa terceirizada, identificado como Walter Luís Martins, foi socorrido e encaminhado ao hospital João XXIII, em Belo Horizonte, e encontra-se estável.
Nesta quinta-feira (7), a Polícia Federal, que decretou luto oficial de três dias, realiza os trabalhos de perícia para a coleta de evidências, que vão auxiliar na investigação das causas do acidente — que também está sendo investigado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
Com o acidente no aeroporto da Pampulha, o avião que levou o governador Romeu Zema (Novo) para Brasília, onde ele se reuniu com o presidente Luiz Lula da Silva, atrasou cerca de 30 minutos para decolar. A situação no aeroporto foi normalizada, já que o acidente não ocorreu na pista.