Em pleno feriado, a dona de um mercado de Colinas, no Vale do Taquari, resolveu se dirigir ao local de trabalho. Mas para fazer algo bem diferente: realizar a limpeza do estabelecimento com as próprias mãos. O comércio foi atingido pela enchente, não restando quase nada que pudesse ser reaproveitado e colocado à venda.
Além de embalagens encharcadas de produtos e frutas podres, em frente ao estabelecimento, foi estendida uma faixa com uma frase escrita à caneta, de maneira improvisada: “curiosos não são bem vindos, mas se quiser ajudar somos gratos”.
— Param pra tirar fotos, ver se tem alguma coisinha que conseguem levar. A mercadoria que saiu junto com a água todo mundo fez a limpa. Pra ajudar foram bem menos do que os que vieram só de curiosos — relata Maiara Dalcin, proprietária do mercado.
Segundo Maiara, em 68 anos de existência do comércio, nunca ocorreu das águas do Rio Taquari subirem tanto assim, colocando praticamente tudo debaixo d’água.
— Depois de ouvirmos as pessoas falando “se preparem, se preparem”, a gente levantou a primeira e segunda prateleiras e ficamos acompanhando. À meia-noite, a água estava a uns 10 centímetros de altura dentro e depois disso só tristeza. Quando chegou a bater nas coxas da gente, levantamos mais as coisas, mas não foi suficiente.
A empresária estima perdas entre R$ 400 mil e R$ 450 mil, somando dívidas e danos a equipamentos e estrutura. Muitos dos produtos nem pagos foram, afinal, ela e o marido, que conduzem os negócios, esperavam obter dinheiro a partir das vendas.
— A gente provavelmente não vai continuar porque a gente não tem meios de retomar. Primeiro, a gente vai fazer a limpeza. Depois, só Deus sabe.