A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O volume da cheia do rio Taquari e a velocidade que a água ganhou ao longo das horas pegou de surpresa milhares de pessoas que vivem na região. Entre elas, o produtor Fabiano Hauschild, que, na hora em que a enchente atravessou a sua propriedade, localizada no município de Estrela, estava transportando aves à unidade frigorífica da JBS em Montenegro na terça-feira (5).
— Fomos surpreendidos, literalmente. Ficamos ilhados por dois dias, eu, a equipe e o caminhão da empresa — afirma Fabiano, que conseguiu carregar 24,3 mil aves.
O restante dos animais, que ainda estava no aviário, foi submerso pela água que entrou nas instalações a uma altura de meio metro. Juntas, as aves que morreram pesavam cerca de 50 toneladas e iriam ser exportadas para a Europa.
"Foi uma catástrofe", avalia o produtor:
— A gente já tinha tomado a devida precaução na hora da construção, deixamos três, quatro metros acima do nível do solo, mas a natureza.... Complicado.
A inspetoria veterinária acompanhou nesta quinta-feira (7) o enterro sanitário dos frangos que morreram na tragédia. Agora, Fabiano começa a trabalhar na limpeza e desinfecção do aviário para poder recomeçar. A estrutura da instalação em si não foi afetada.
— Eventos desse tipo, granizos, temporais, ciclones, que aconteciam esporadicamente, agora já viraram rotina. A preocupação que fica é para frente. O que vai ser feito? — questiona o produtor.
Ainda não se sabe quantos produtores rurais, produções e propriedades foram afetadas pelas cheias dos rios no Rio Grande do Sul. Equipes da Emater seguem trabalhando no levantamento de perdas em todo o Estado. A previsão é de que os números sejam divulgados a partir da semana que vem.