Em cerimônia realizada na manhã desta sexta-feira (12), em Santa Maria, foi assinado o termo de convênio para o repasse de R$ 4 milhões para a construção de um memorial no prédio onde funcionava a boate Kiss. A cerimônia ocorreu na Praça Saldanha Marinho, distante cerca de 400 metros do local da tragédia.
Os recursos são do Fundo para Reconstituição de Bens Lesados, presidido pelo Ministério Público do Estado. O convênio é entre a instituição e a prefeitura de Santa Maria. Agora, um novo convênio entre o Executivo santa-mariense e a Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) será firmado para a execução da obra.
O presidente da AVTSM, Gabriel Barros, participou da solenidade e destacou a importância do memorial não só para a entidade mas para a cidade de Santa Maria.
— É um sentimento difícil de descrever, porque a dimensão da construção do memorial é quase indescritível, emocionalmente falando por mim, como sobrevivente. Por saber do peso que isso tem para a associação, de garantir o espaço de memória na cidade. Isso traz consequências muito positivas do que planejamos de projetos para o futuro. O memorial abarca uma gama muito extensa de possibilidades de trabalhos para o futuro. Essa garantia dos recursos é uma etapa fundamental. Agora vamos acompanhar todo esse processo que é mais burocrático nesse início — afirma Barros.
O próximo passo será a celebração do convênio da prefeitura com a associação. Após isso, será necessário cumprir outras etapas burocráticas com licitações para a execução da obra, partindo da demolição do prédio. Por isso, não há um prazo definido para início e conclusão da obra.
— Vamos tratar diretamente com a AVTSM, para que possamos imediatamente começar essa obra. Temos esse dinheiro do Ministério Público, vamos conversar com eles, com o Tribunal de Contas e com todos os órgãos antes de tomar qualquer medida, mas queremos que comece logo. Essa obra tem que estar pronta o quanto antes. Esse memorial tem um simbolismo muito importante, para mostrarmos ao mundo todo que não queremos que aconteça mais um incêndio como esse. Queremos que ele sirva de exemplo para o mundo todo — destaca o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom.
O memorial
O projeto do memorial já está pronto. Ele foi elaborado pelo arquiteto Felipe Motta, de São Paulo, vencedor do concurso realizado em 2018 pela AVTSM e pelo Instituto de Arquitetos do Brasil. O memorial terá um jardim interno em seu centro. O teto será sustentado por 242 pilares de madeira (número de vítimas da tragédia), cada um com o nome de uma vítima e com um suporte no qual poderão ser depositadas flores. Haverá também um auditório, com um palco central e espaço para plateia de lados opostos, uma sala multiuso para abrigar acervo de exposição multimídia e uma sala para comportar a sede da AVTSM.