A chuva registrada na semana passada em Santiago, na Região Central, não foi suficiente para conter o desânimo com os prejuízos causados pela estiagem no município. Apesar de a grama de algumas áreas ter retomado a tonalidade mais esverdeada, ainda é necessário um volume mais significativo e generalizado para amenizar a situação.
Em lavouras de milho, folhas estão secas e amareladas. Enfraquecidos, os pés não geram as espigas esperadas.
— A folha tinha que estar mais verde e vindo com força. Essas espiguinhas eu estou dando para os porcos. As secas eu já tiro, porque eles não comem — conta o agricultor Natal Luiz Bressan, 69 anos.
O produtor rural diz ter esperança de que chova nos próximos dias, para conseguir colher mandioca e não ter um prejuízo ainda maior.
— Em quase 70 anos, nunca vi algo assim. Parece que está tudo diferente — lamenta Bressan.
Na soja, o sol atingiu tanto algumas plantações que já não há como recuperar nem para alimentação do gado. Não foi o caso da lavoura de Rose Zuchetto, 53, que iniciou mais tarde e ainda está se desenvolvendo. No entanto, no milho e no feijão, não há o que fazer.
— De milho, a perda foi total. Estamos até comprando para dar para os bichos — conta a agricultora.
O marido dela, Paulo Jair Zuchetto, 53, estima que o prejuízo seja de R$ 48 mil só no milho.
— Plantamos em dois momentos. Um a gente sempre acertava, e nesse ano não deu — diz.
Segundo a presidente do Sindicato dos Produtores Rurais da região, Lérida Matilde Pivoto Pavanelo, este é o terceiro ano de estiagem, e o cenário é o pior em décadas. Pelo balanço da Emater, de 3 de fevereiro, o milho teve perdas de até 75%, o feijão de 60% e a soja de 55%. Em outras culturas e na pecuária, os prejuízos oscilam entre 15% e 30%.
— É uma seca consequente da outra. Esse ano teve o prejuízo de quem plantou cedo. Nossa região passou janeiro inteiro sem nada e agora que veio essa pancada. Para ter recuperação de água de nascentes e sangas, precisa chover muito — explica Lérida, que também coloca a expectativa na previsão de chuva para a região na próxima semana.
Enquanto um volume significativo não vem, a quantidade de água de açudes e poços preocupa. Desde novembro, há residências da área rural recebendo água. Segundo prefeito de Santiago, Tiago Gorski Lacerda, atualmente são 140 famílias com abastecimento por meio de caminhão-pipa.
A prefeitura está atenta para o nível da barragem que há mais de 50 anos garante a rede de todo o município, inclusive na área urbana. Conforme o prefeito, a água está 4,03 metros abaixo do normal, ficando perto do nível crítico de 5 metros. Com uma redução diária em cinco centímetros, Lacerda teme que, se houver mais 22 dias sem chuva, a marca poderá ser atingida.
— Como plano B, a Corsan vai perfurar um poço e largar direto na barragem — afirma.