Em meio a um sol forte que incomoda até quem está acostumado a trabalhar no calor nas plantações, o município de Passa Sete, no Vale do Rio Pardo, contabiliza os prejuízos nas lavouras devido à estiagem que vem se prolongando nos últimos três anos — em 2022, a reportagem também visitou a cidade e mostrou os danos provocados pela falta de chuva.
Pelo segundo verão consecutivo, GZH percorre parte do território gaúcho mais afetado pela estiagem. O roteiro, que inclui as cidades Passa Sete, Cachoeira do Sul, Santiago e São Francisco de Assis, busca mostrar o impacto da falta de água tanto nas zonas rurais quanto urbanas.
Segundo a Defesa Civil municipal e a Emater, as perdas já ultrapassam os 50% na soja, 60% no milho em grão e silagem, 40% no feijão e 40% no fumo. Já na pecuária de corte e de leite, o prejuízo supera os 30%.
— A gente faz, em média, 10 arrobas por mil (pés plantados). Nesse ano vai dar sete. Isso que no fumo nem pegou tanto a seca, foi mais na soja — diz a agricultora Nilva Israel da Silva, 48 anos.
Mostrando a lavoura de soja, o marido dela, Jorge Adriano Israel da Silva, 50, mostra as raízes das plantas se esfarelando.
— Se quebra toda a raiz, ó — mostra o proprietário.
Conforme as autoridades, as perdas ainda podem aumentar, caso a estiagem persista. Entre os produtores, o clima é de apreensão a cada novo dia sem chuva.
A reportagem encontrou mais lavouras com folhas secas, como de milho e feijão, e algumas até com perda total.
— A gente vem trabalhando e tentando amenizar, mas a situação é muito complicada. É muita falta de chuva, não conseguimos nos recuperar de três anos — afirma a chefe do departamento de Meio Ambiente da Defesa Civil do município, Lúcia Aparecida de Moura.
Passa Sete depende de um poço artesiano que recolhe 45 mil litros de água por dia para ajudar cerca de cem famílias que estão sem água potável. No entanto, a Defesa Civil tem medo de que a fonte se esgote e não possa mais atender a esta população.
Conforme a Emater, choveu apenas 30% do que era esperado para esta época do ano no município. Diante da previsão do tempo pessimista, a prefeitura está fazendo a abertura de fontes, açudes e bebedouros na esperança de amenizar as dificuldades enfrentadas pelas comunidades rurais.
Em meio a tanto desânimo, até a tradicional Festa do Pinhão, que normalmente ocorreria em março e estava suspensa desde a pandemia, foi cancelada nesse ano.
— Não tem clima com tantos prejuízos para a economia da região — desabafa Lúcia.