Diante dos desafios de um mundo em guerra e que só agora começa a sair da maior crise de saúde pública global em um século, o jornalismo se destaca não apenas como antídoto contra a desinformação, mas como parte da construção de soluções. Esse é o recado dado neste Dia Mundial da Notícia (World News Day), celebrado nesta quarta-feira (28).
A iniciativa do Fórum Mundial de Editores (WEF), ligada à Associação Mundial de Jornais (Wan-Ifra), chama a atenção para a importância da imprensa profissional, que oferece informações confiáveis para que os cidadãos, de forma livre e independente, tomem decisões. O lema da edição de 2022 é Jornalismo faz a diferença.
Pelo quinto ano consecutivo, redações de grandes veículos de comunicação do mundo unem esforços para compartilhar, em uma plataforma, reportagens que fizeram a diferença nas suas regiões. São mais de 500 jornais, rádios, emissoras de TV e sites de notícias envolvidos na iniciativa internacional, realizada desde 2018.
O Grupo RBS participa desde a primeira edição. Está ao lado de marcas globais de jornalismo, como Financial Times (Reino Unido), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), Toronto Star (Canadá) e La Nacion (Argentina), entre outros. Todas as reportagens podem ser lidas no site worldnewsday.org.
— À medida que o mundo se torna mais complexo e cheio de crises, o público procura vozes confiáveis para ajudá-lo a entender os desenvolvimentos. É assim que as redações profissionais fazem a diferença. Elas interpretam eventos e ajudam as pessoas a juntar os pontos – avalia Warren Fernandez, presidente do WEF e editor-chefe do The Straits Times, de Singapura.
David Walmsley, fundador do Dia Mundial da Notícia e editor-chefe do The Globe and Mail (Canadá), comenta que, muitas vezes, o indivíduo recorre à imprensa como última opção, desesperado diante de injustiças:
— Trata-se daquele momento em que um editor atende o telefone e escuta uma voz apavorada: “Vocês são tudo o que eu tenho. Não tenho mais a quem recorrer”. Somos a última escala entre a esperança e a derrota.
Valor
Segundo os organizadores dessa edição, um dos objetivos das redações atuais é mostrar o valor do jornalismo para o público jovem e para pessoas mais carentes. O entendimento é que, para construir e ganhar a confiança do público, primeiro é necessário representar suas vozes e experiências.
O presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, avalia que uma boa forma de se compreender a relevância do jornalismo é imaginar o mundo sem ele:
— Haveria um caos informativo, um vácuo em que imperariam boatos e desinformações, criando uma desestabilização geral na economia, nos sistemas políticos e nas relações entre países e pessoas.
Na edição passada, o Dia Mundial da Notícia teve como tema os impactos do aquecimento global e soluções para evitá-lo. Para marcar a data, mais de mil integrantes da indústria da mídia de 75 países irão se reunir em Zaragoza, Espanha, para debater a proteção dos direitos de imprensa e expressão e os desafios da mídia independente.
Reportagem da RBS
O Grupo RBS participa este ano do Dia Mundial da Notícia com a reportagem Escolas Inacabadas, de autoria de Cristine Gallisa e Humberto Trezzi. O trabalho do Grupo de Investigação da RBS (GDI) mostrou que 9,75 mil projetos de obras escolares estão parados no Brasil, 633 delas no Rio Grande do Sul. Enquanto isso, milhares de pessoas adiam o sonho de trabalhar fora porque não têm com quem deixar os filhos, embora vejam creches sendo construídas – e depois, serem abandonadas.
Conteúdos que fizeram a diferença
Veja alguns exemplos de reportagens compartilhadas pelos veículos mundiais:
Toronto Star - Canadá
Dose de desespero
Na corrida global pela vacina contra a covid-19, nações ricas ganharam e países pobres perderam. Reportagem mostrou como a desigualdade social impactou na imunização: enquanto no Canadá sobraram doses, em Angola, por exemplo, cada gota era considerada preciosa.
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The Daily Star - Bangladesh
Mortal, mas encarado de forma despreocupada
Reportagem mostrou como, apesar da legislação, Bangladesh não monitora a qualidade do ar. O texto revelou as consequências para a saúde da inalação do chamado “carbono negro”, produzido durante a combustão incompleta de combustíveis fósseis, de madeira ou de biomassa.
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Süddeutsche Zeitung - Alemanha
Os arquivos Uber
Por meio de mais de 124 mil documentos da Uber, empresa global de transporte por aplicativo, a reportagem mostrou uma visão abrangente das estratégias políticas e de mídia empregadas pela companhia para se estabelecer nos mercados europeus. A investigação foi feita em parceria com outros veículos, como The Guardian, por meio do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ).
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The Straits Times - Singapura
O mais alto viveiro de piscicultura de Singapura produzirá 2,7 mil toneladas de peixe por ano até 2023
Reportagem mostrou como o governo do país asiático vem incentivando o agronegócio a utilizar tecnologia para melhorar a produção. O texto mostra, por exemplo, os viveiros de piscicultura mais altos de Singapura, instalados em um prédio de oito andares, e que produzirão 2,7 mil toneladas de peixe por ano até 2023.
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El Sol de México - México
Clima provoca mais deslocados no México do que o narcotráfico
Texto do jornal mexicano alerta sobre os impactos das mudanças climáticas no dia a dia da população. Cita, por exemplo, a destruição causada por furacões, mas argumenta que um efeito colateral normalmente pouco comentado é o número de pessoas que precisaram abandonar suas casas em busca de novos locais para viver: os deslocados do clima.
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