A prefeitura de Carazinho, na Região Norte, informou que o centro de reabilitação para dependentes químicos onde ocorreu o incêndio da madrugada desta sexta-feira (24), que resultou em 11 pessoas mortas, estava com o alvará de funcionamento e o Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) em dia.
— Tinha licença de funcionamento e o PPCI dos bombeiros — relata o prefeito Milton Schmitz. — Se não estiver a documentação em dia não vem recursos do Ministério da Cidadania — completa, salientando que o lugar era privado.
Questionado se a estrutura do imóvel era adequada, o chefe do Executivo municipal pontuou que, pela natureza do trabalho oferecido, os pacientes ficavam confinados:
— É um local fechado porque eles são dependentes químicos. Isso é um problema. Aconteceu em Arroio dos Ratos algo semelhante. Eles ficam internados e, se deixar aberto, partem para fuga.
O prefeito esclareceu que o local onde ocorreu o incêndio era composto 70% por material de alvenaria e 30% por madeira. E também disse que foi montado um QG (quartel-general) no bairro Vila Rica.
— Montamos um QG com atendimento social e oferecemos psicólogo para os familiares que estão se deslocando para Carazinho.
Assessor do gabinete do prefeito, o tenente Luis Fernando Costa também garantiu que as licenças estavam em dia.
— É uma clínica privada, não tínhamos convênio com eles. Era só uma questão de documentos e estava tudo em dia. A Vigilância Sanitária municipal e os bombeiros fiscalizavam — disse.
O comandante do 7º Batalhão de Bombeiro Militar (7º BBM) de Passo Fundo, tenente-coronel Ricardo Mattei Santos, explicou que o PPCI tinha validade até 14 de junho de 2026. Também revelou que havia extintores de incêndio no local.
— O vencimento do PPCI seria em 2026. Pela classificação de risco, essa ocupação não tem a exigência legal da vistoria do Corpo de Bombeiros para a questão da liberação do alvará. Existe a permissão de um plano simplificado. Cai sobre o responsável técnico essa responsabilidade dos equipamentos básicos contra incêndio. O que emite o alvará automaticamente via sistema. Por que isso? Pelo tipo da ocupação, pelo número de pessoas e pela área construída. O alojamento era de madeira. Então o alastramento do incêndio foi muito rápido. Havia extintores de incêndio. Não foi uma falha de itens de segurança.
Ainda no local do incêndio, o comandante afirmou que nenhuma possibilidade para as causas do incêndio está descartada.
— Por se tratar de um local de tratamento de pessoas com dependências químicas, alcoolismo e drogas, a gente sabe da possibilidade, até por uso de medicamentos, pode ter sido por uso de cigarro, algum equipamento auxiliar para aquecimento, algum curto-circuito, várias são as possibilidades. Ainda é muito prematuro para dizer o que causou. É uma tragédia — reconhece.
O centro de reabilitação para dependentes químicos não possui registros de autuações por irregularidades, segundo a gestão municipal de Carazinho. A prefeitura decretou luto oficial de três dias em solidariedade às vítimas e seus familiares.