O influenciador digital e policial civil transexual Paulo Vaz morreu nesta segunda-feira (14), aos 36 anos. A notícia foi confirmada pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
Por meio de comunicado, a Antra solicitou que as pessoas respeitassem o luto de amigos e familiares e não ficassem especulando o motivo da morte de Paulo.
"Acabamos de saber que o Paulo Vaz nos deixou. Infelizmente perdemos mais um de nós que não suportou continuar em uma sociedade tão violenta e desumana. Obrigada por tudo! Seguiremos em luto, na luta. Não é hora de especular sobre a morte do Paulo. Respeitem a dor de quem perdeu um amigo, marido, filho e irmão. É hora de silenciar e refletir. Precisamos pensar em formas de construir um mundo onde as pessoas queiram viver", diz nota divulgada pela associação.
A morte do influenciador gerou comoção entre os colegas de trabalho, a comunidade LGBTQIA+ , artistas e políticos. "Com muita tristeza recebo a notícia da partida do querido Popó Vaz. Ativista e influenciador transexual, ele deu contribuição decisiva para a luta LGBT contra toda forma de preconceito. Meu abraço aos familiares e amigos. Que Deus nos conforte", escreveu o senador Fabiano Contarato (PT).
A vereadora Erika Hilton (PSOL) também se manifestou sobre a morte do policial. "Acabo de receber a notícia do falecimento do Paulo Vaz e estou devastada. Ele era muito querido e é uma tristeza que tenha nos deixado. Desejo muita força e solidariedade para toda a família e a todes nesse momento."
A classe artística lamentou a morte de Paulo e desejou força à família. "Estou despedaçada e indignada com a morte de nosso querido Paulo Vaz. Nosso tão amado jovem trans, ativista, corajoso que fez esse mundo ser mais compreensivo e amoroso com os trans. Mando muito amor para o Pedro HMC e toda a família de Paulo", publicou Daniela Mercury.
O cantor Johnny Hooker também exaltou o papel do influenciador para a comunidade LGBTQIA+. "Muita força pros amigos e familiares desse ser de luz e generosidade que era o Paulo Vaz! Um beijo em especial para o Pedro HMC. Obrigado por ter sido um agente de tanta transformação nesse mundo! Rest in Power! (descanse em paz, em português)".
Trajetória
Paulo era conhecido por ser um dos poucos homens transexuais a atuar na polícia brasileira. Ele trabalhava como investigador da Polícia Civil, na região da Grande São Paulo, desde abril de 2018.
Além do trabalho como policial, Paulo era influenciador digital e usava as redes sociais para falar sobre questões da comunidade LGBTQIA+. Ele também publicava conteúdos sobre sua vida pessoal e carreira, além de posicionamentos sobre diversas pautas que atingiam as minorias, como machismo, homofobia e transfobia. O perfil atualmente conta com 203 mil seguidores.
Em 2018, Paulo foi um dos agentes de segurança que se manifestaram nas redes sociais contra os ataques homofóbicos que o policial Leandro Prior sofreu, após aparecer em um vídeo fardado beijando outro homem no metrô de São Paulo.
Além dos familiares, amigos e colegas de trabalho, Paulo deixa o marido, o youtuber Pedro HMC, do canal Põe na Roda. Eles mantinham relacionamento desde 2018.