Uma tempestade que atingiu Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, na tarde de terça-feira (15), provocou ao menos 94 mortes. O número está em constante atualização. No final da tarde desta quarta-feira (16), o governador do Rio, Cláudio Castro, em entrevista coletiva, havia atualizado as informações de vítimas, informando que entre os 78 mortos daquele momento havia oito crianças.
Ao lado do prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, e do secretário de Defesa Civil, Leandro Monteiro, Castro citou os números da tragédia na cidade serrana naquele momento:
— Foi a pior chuva desde 1932. Realmente, foram 240 milímetros em coisa de duas horas. Foi uma chuva altamente extraordinária. A Defesa Civil confirma 21 pessoas resgatadas, e também temos 372 pessoas desabrigadas ou desalojadas neste momento. São 89 áreas atingidas, com 26 deslizamentos. Mais de 180 moradores de áreas de risco estão sendo acolhidos.
O Corpo de Bombeiros ainda não sabe o número de desaparecidos, mas o Ministério Público (MP) cadastrou pelo menos 35 pessoas nessa situação. Segundo o governo fluminense, cerca de 400 bombeiros trabalham nas buscas aos desaparecidos. A Polícia Civil está com uma equipe de 200 policiais, peritos legistas e criminais, papiloscopistas, técnicos e auxiliares de necropsia, servidores de cartório e de diversas delegacias.
A prefeitura decretou estado de calamidade pública e informou que as equipes dos hospitais foram reforçadas para o atendimento das vítimas. Foi montado um hospital de campanha com 10 leitos, onde elas recebem o primeiro atendimento. Em apenas seis horas, choveu mais do que o esperado para todo o mês no município.
— Realmente teremos que reconstruir a cidade. Foram mais de 200 milímetros de chuva em apenas duas horas. Atingiu o coração da cidade, o Centro Histórico, onde há maior densidade urbana — disse Bomtempo ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quarta-feira.
Um dos locais mais afetados foi o Morro da Oficina, no Alto da Serra, onde um grande deslizamento atingiu diversas moradias e o governo acredita ter o maior número de vítimas ainda soterradas. Segundo a prefeitura, estima-se que 80 casas tenham sido afetadas na área próximo à Rua Tereza, conhecida via comercial do município.
A busca por sobreviventes seguiu intensa ao longo da madrugada e contou com a ajuda de moradores e de equipes dos Bombeiros, do Exército e da Defesa Civil.
Mais de 180 pessoas que moram em áreas de risco foram acolhidas em escolas e recebem suporte de profissionais das áreas da saúde, educação, agentes comunitários, além da Defesa Civil. A Delegacia de Descoberta de Paradeiros realiza atendimento especializado às famílias que buscam informações de desaparecidos e registros de ocorrência. Os familiares estão sendo acolhidos e atendidos na Sala Lilás do posto.
De Moscou, na Rússia, onde está para um encontro com Vladimir Putin, o presidente Jair Bolsonaro disse na noite de terça-feira que determinou que ministros de seu governo deem o apoio necessário às vítimas.
Em atualização do boletim meteorológico, a Defesa Civil informou que ainda há previsão de chuva fraca a moderada a qualquer momento no município. O órgão reforça que a cidade segue em Estágio Operacional de Crise e orienta que a população fique atenta aos informes e alertas que podem ser atualizados a qualquer momento. Em caso de emergência, as pessoas devem ligar para o 199.
Governo do Estado promete realocar pessoas longe das áreas de risco
O governador Cláudio Castro esteve nesta quarta em diversas áreas de Petrópolis que foram atingidas pela chuva. Ele prometeu investimento para tentar tirar moradores de áreas de risco e levá-los para lugares mais seguros, garantindo que as verbas serão do caixa estadual, mesmo que não venha ajuda federal.
— O governo do Estado vai entrar com o que for necessário. Não será por falta de recursos que deixaremos de fazer as obras necessárias. A prioridade total é para pessoas que estejam em áreas de risco. É duro, mas vamos retirar as pessoas desses locais. Teremos uma postura corajosa para fazer o que for necessário, doa a quem doer — disse.
O governador aproveitou para elogiar o trabalho dos agentes estaduais e bombeiros:
— Não podemos deixar de agradecer a esse espírito solidário que presenciamos aqui. Algumas prefeituras mandaram seus agentes e outras pessoas vieram voluntariamente.
Ele afirmou que houve um grande investimento na região serrana do Rio, na área de contenção de encostas, nos últimos anos, mas que ainda não é o suficiente.
— O que a gente tem de entender é que existe uma dívida histórica e também o caráter excepcional dessa chuva, a maior desde 1932. Existe o déficit, e que sirva de lição para a gente agir de forma diferente — afirmou.
Castro também prometeu mais obras para minimizar o impacto, e disse que o sistema de vigilância ajudou a alertar os moradores da região — caso contrário, a tragédia teria sido ainda pior, na opinião dele.
— A questão das sirenes funcionou muito bem. A Defesa Civil conseguiu salvar muitas vidas com a manutenção dessas sirenes — comentou.