As chuvas dos últimos meses ajudaram a amenizar os problemas de alguns municípios que sofrem com a estiagem no Rio Grande do Sul. A situação, no entanto, está longe de ser a ideal em termos de precipitação, mas também não está provocando grandes transtornos, de forma geral, neste momento. Segundo relatório da Defesa Civil do Estado, são 15 municípios com decreto de situação de emergência vigentes por causa da escassez de chuva. Esse número já foi maior ao longo do ano. Se for levado em conta o acumulado do ano com os decretos que já expiraram, são 133.
Coordenadora da Sala de Situação do Governo do Estado, a meteorologista Cátia Valente, relata que as chuvas foram irregulares e abaixo da média em julho e agosto. E a projeção não é boa para os próximos meses.
— Tendência para setembro, início de primavera, já que a primavera é uma estação que chove bem no Rio Grande do Sul, mas estamos com essa condição do Oceano Pacífico um pouco frio. Não tem tendência de que a gente tenha uma estação extremamente chuvosa que possa resolver esse déficit hídrico acumulado. Segue a preocupação ao longo dos próximos meses aqui no Rio Grande do Sul — reforça.
Caminhão-pipa vai voltar
Em maio, GZH percorreu o Estado para ouvir a população sobre a estiagem. Na oportunidade, a reclamação era de falta de água para consumo humano e animal, com perdas pontuais na agricultura e pecuária. A reportagem voltou a falar com os prefeitos de duas dessas cidades. Com apenas 1,7 mil habitantes, o município de Ponte Preta, no norte do Estado, teve uma melhora em relação a maio, segundo o prefeito Josiel Fernando Griseli.
— Não temos maiores problemas neste momento. Temos preocupação se não mudar o quadro e entrar no verão com essa situação. Não estamos registramos falta de água. Não está normal, mas melhorou — diz Griseli.
Em Fontoura Xavier, o caminhão-pipa que distribuía água para moradores da Linha Formigueiro uma vez por semana em maio, parou de operar até esta segunda-feira (16). A partir de terça-feira (17), voltará a percorrer as áreas rurais, segundo prefeito Luiz Armando Taffarel.
— Estou com os agricultores aqui na minha frente pedindo água. Vamos liberar o caminhão para levar água para eles. Hoje, tá cada vez mais preocupante. Não chove o suficiente para juntar água. Na nossa barragem, calculo que em mais uns 15 dias vai secar. Já está na metade — relata Taffarel.
A barragem referida pelo prefeito é da Corsan e abastece toda a área urbana da cidade. Entre 29 de abril e 23 de maio, ela ficou seca. Caminhões-pipa vindos de Soledade, cerca de 30 quilômetros de distância, abasteceram a rede da companhia no período.
Conforme o diretor-técnico da Emater, Alencar Rugeri, não há grandes prejuízos na agricultura e na pecuária em razão da estiagem. Relata, no entanto, que perdas pontuais são registradas.
— O que tem é um momento de tensão. O sinal está amarelo, mas não dá para dizer que há perdas significativas — afirma Rugeri.
Coordenador da Defesa Civil Estadual, o coronel Julio Cesar Rocha Lopes diz que ainda é cedo para falar em nova estiagem. Mas diz que o órgão já está se preparando se necessário.
— Em processo de constante preparação para prestar um suporte com resposta rápida às comunidades, a Defesa Civil já adquiriu no mês de julho novas unidades de viniliq pipas, que são reservatórios móveis transportáveis de água para atender as populações quando necessário. A Defesa Civil estabelece uma interface com as demais secretarias do Estado que adotam as medidas de infraestrutura necessárias para o enfrentamento dos eventos adversos — explica Rocha.