Os efeitos dos dois períodos de estiagem vividos pelo Rio Grande do Sul em 2020 — e que já deixam, atualmente, 76 municípios em situação de emergência — se refletem no número de queimadas espalhadas por diferentes regiões.
Desde janeiro até a última quinta-feira (26), o Estado registrou 3.557 focos de incêndio, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Mesmo que 2020 ainda não tenha chegado ao fim, o número já é o maior em 14 anos. Em 2006, foram registrados 4.116, de janeiro a dezembro.
Somente em novembro, os dados até esta quinta-feira (26) apontam 107 focos de incêndio. Até o fim do mês, o Estado pode se aproximar do número de novembro de 2017, quando foram contabilizados 139.
As queimadas podem ser diretamente relacionadas ao período de estiagem, que deixa a vegetação seca, fazendo com que o fogo se alastre mais facilmente. Segundo a meteorologista da Somar Fabiane Casamento, o fenômeno deve se estender por mais alguns meses em solo gaúcho:
— Esta semana ainda tem chuva, mas não vai ser o suficiente. Em janeiro volta a chover no Rio Grande do Sul, mas só vai aliviar. As chuvas do verão ainda são espaçadas. Para regularizar mesmo, só em meados do ano que vem — alerta.
Focos espalhados pelo Estado
Em Manoel Viana, na Fronteira Oeste, uma área de plantio foi atingida por um incêndio na última quarta-feira (25). O fogo afetou cerca de 700 hectares do terreno, consumindo a palha de trigo que estava sobre o solo.
Em São Paulo das Missões, nas Missões, foram precisos três dias para que fosse finalizado o incêndio em uma mata fechada de uma propriedade. Segundo o Corpo de Bombeiros de Santa Rosa, o fogo começou na segunda-feira (23) e seguiu até o fim da tarde de quarta (25), consumindo mais de 50 hectares. O incêndio só foi completamente apagado quando choveu, no fim da tarde.
O major Isandre Antunes, chefe de operações do Corpo de Bombeiros no Rio Grande do Sul, ressalta que os focos têm se multiplicado por todo o Estado, principalmente nas regiões Metropolitana, Central, Norte e Noroeste.
— Não tenho dúvidas de que é o início da estiagem. Por isso, recomendamos não fazer queimadas para diminuir os resíduos na vegetação, porque isso pode iniciar um incêndio. Na vegetação seca, o fogo se espalha muito rápido e é muito sensível ao vento. Também não se deve jogar bitucas de cigarro ou colocar fogo em lixo. São algumas dicas de prevenção.
Conforme Antunes, a tendência é de que o número de ocorrências aumente nos próximos meses. Assim, os bombeiros precisam redobrar a atenção:
— O incêndio em vegetação precisa de um grande volume de água e também de pessoas. Isso compromete o tempo de resposta até para outros eventos.