O número de municípios gaúchos que decretaram situação de emergência devido a prejuízos causados pela estiagem chegou a 28 nesta sexta-feira (10), de acordo com o último levantamento da Defesa Civil estadual. Um dia antes, havia 16 cidades na lista. O total deve subir mais, já que há prefeituras que informaram perdas, mas ainda não oficializaram o pedido de apoio.
O Estado ainda não homologou nenhum dos decretos porque aguarda a confirmação dos impactos financeiros e no atendimento dos serviços básicos à população. Ao apresentar o decreto, a prefeitura tem o objetivo de facilitar o recebimento de recursos e, assim, amenizar prejuízos, ajudando também a renegociação de dívidas e o acesso a benefícios.
Nesta sexta-feira (10), o governador Eduardo Leite confirmou que irá autorizar a liberação de verba extra para a perfuração de poços nas regiões atingidas. Atualmente, o governo conta apenas com três perfuratrizes, número considerado insuficiente frente à necessidade. Outros equipamentos deverão ser alugados.
O secretário estadual da Agricultura em exercício, Luiz Fernando Rodriguez Junior, relata que também ficou acertado que os agricultores familiares terão mais recursos dentro de programas de estímulo para o plantio de milho e forrageiras. O montante e o prazo para a liberação dos valores serão definidos em uma reunião com a Secretaria da Fazenda a partir de segunda-feira (13).
Outro ponto definido, que será reivindicado junto ao Ministério da Agricultura, é a prorrogação do calendário de plantio. Para a soja, que teve o prazo encerrado em 31 de dezembro, o pedido será 15 de fevereiro. Já para o milho, que terminará em 31 de janeiro, a intenção é de postergar até 29 de fevereiro ou 15 de março. A data exata será definida nos próximos dias.
_ Os levantamentos que temos de meteorologistas mostram que o problema não se resolve em um curto período de tempo, por isso, precisamos de mais prazo _ diz Rodriguez Junior.
Sem a alteração, o agricultor que plantar fora do prazo oficial perde o direito a cobrar o pagamento de seguro em caso de perdas.
Cidades atingidas
As cidades que aparecem no novo balanço são Agudo, Canguçu, Cerro Branco, Cerro Grande do Sul, Dom Feliciano, Gramado Xavier, Mato Leitão, Rio Pardo, São Gabriel, Sertão Santana, Sobradinho e Vale Verde.
As que já constavam no levantamento do Estado são Vale do Sol, Boqueirão do Leão, Barão do Triunfo, Mariana Pimentel, Pantano Grande, Ponte Preta, Amaral Ferrador, Camaquã, Chuvisca, Cristal, Encruzilhada do Sul, Passo do Sobrado, Progresso, Santa Cruz do Sul, Sinimbu e Venâncio Aires.
As prefeituras que relataram perdas, mas que não editaram o decreto de emergência, são Arroio do Meio, Fontoura Xavier, Maquiné, Montauri, Santo Antônio do Palma, Segredo e Vera Cruz.
Até o momento, 21 cidades já receberam equipamento semelhantes a caminhões-pipa, enviados pela Defesa Civil, para amenizar os efeitos da estiagem.
Prejuízos
Em reunião com representantes de 96 municípios na quinta-feira (9), a Emater _ órgão que presta assistência técnica e extensão rural _ apresentou a projeção de perdas. As regiões de Soledade e de Ijuí são as mais afetadas. Em Soledade, por exemplo, a redução na expectativa de produção de milho silagem caiu 40% e de soja, 20%.
Os municípios mais atingidos reclamam da regionalização dos números e pedem levantamentos por cidade. Entre as prefeituras que já contabilizaram prejuízos, está Camaquã, com prejuízo estimado em R$ 70 milhões nas lavouras, especialmente, de fumo, milho, soja e feijão. Em Pantano Grande, o rombo é de R$ 50 milhões, atingindo soja, milho, feijão e leite. Em Venâncio Aires, a prefeitura trabalha com a cifra de R$ 40 milhões, sendo o tabaco o maior responsável pelas perdas. Em Saldanha Marinho, a contagem é de R$ 20 milhões.