Próximo de completar oito meses de funcionamento, o Hospital Regional de Santa Maria foi projetado para ofertar de 240 a 270 leitos para quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS). Mas, de lá para cá, a unidade – de 20 mil m² de área construída e que teve um custo de R$ 70 milhões – conta com apenas um ambulatório que atende a demandas de pacientes com doenças crônicas (diabéticos e hipertensos). Dentro do cronograma inicial, após a abertura dessa unidade, que ocorreu em julho de 2018, o segundo ambulatório deveria ter iniciado as atividades, em até 90 dias, o que não ocorreu.
No começo da tarde desta sexta-feira (8), GaúchaZH conversou com a secretária de Saúde do Estado, Arita Bergmann, que esteve reunida, na capital gaúcha, com prefeitos e secretários de municípios da Região Central. O saldo do encontro, segundo ela, é que a gestão de Eduardo Leite (PSDB) trabalhará para viabilizar, até o fim do ano, a abertura de 130 leitos. Já que, atualmente, não há nenhum oferecido.
Deste número, ainda que não tenha sido detalhado, serão ofertados leitos de UTI, garantiu a secretária. Arita ainda afirma que se buscará com o governo federal “a liberação de recursos para equipar totalmente e, assim, viabilizar o funcionamento do hospital”.
— É do conhecimento de todos que o Estado não tem como arcar com um investimento de tal porte — complementou Arita.
Além disso, Arita Bergmann afirmou que os gestores – prefeitos e secretários de saúde do centro do Estado – pediram com que o Regional viabilize para o quanto antes atendimentos nas áreas da cardiologia, neurologia e traumatologia:
— Temos, e isso é do conhecimento, um vazio assistencial nessas áreas (cardiologia, neurologia e traumatologia) e o governador Eduardo Leite tem dito que esse hospital é um compromisso dele para com Santa Maria e região.
Arita destacou que há uma projeção que sejam necessários de R$ 60 milhões a R$ 65 milhões para equipar o hospital. Porém, ela destacou que para isso é preciso o aporte de recursos do governo federal:
— Somos sabedores que a bancada federal gaúcha, em Brasília, tem R$ 68 milhões por meio de emendas. A ideia é que tenhamos, pelo menos, uma parte desses recursos.
Arita Bergmann diz que o objetivo é dar todo o foco à abertura da assistência hospitalar. Ou seja, “dar atendimento aos usuários nas áreas da cardiologia, neurologia e traumatologia”.
GaúchaZH também falou com o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom (PSDB), que avalia que essa sinalização do Estado “é uma demonstração de compromisso” do Executivo gaúcho com o município. Pozzobom afirma que se está trabalhando, agora, numa readequação de prazos, que não foram cumpridos na gestão de José Ivo Sartori (MDB):
— No governo passado tivemos datas que não foram cumpridas. Agora não podemos ficar criando datas que, logo ali adiante, não serão também observadas. A população de Santa Maria e região quer algo concreto. Mas vejo, sim, que o governo do Estado está dando mais um passo ao lado de todos os prefeitos da região para viabilizar o pleno funcionamento do Regional. E é bom que se diga: não importa se houve erro no passado, mas, sim, o que se está fazendo agora. Além do mais, o governo passado foi corajoso ao abrir o hospital. E estamos todos juntos trabalhando para fazer com que o hospital funcione plenamente.
O deputado estadual santa-mariense Valdeci Oliveira (PT), que integra a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, avalia como positiva a sinalização dada pelo Piratini:
— É muito importante que a secretária e o governo estejam dando prioridade ao tema.Vou acompanhar passo a passo esse novo cronograma. Até porque a comunidade está bastante receosa quanto a prazos dados para o Regional. Basta lembrar que a abertura de leitos é aguardada desde setembro de 2016, quando a obra do hospital foi concluída. Mas eu torço, apoio e cobrarei que esse novo compromisso se concretize. A cidade e a região precisam urgentemente de leitos SUS.
Gestão
Em janeiro do ano passado, o então governador Sartori anunciou que o Instituto de Cardiologia, que é de Porto Alegre, ficaria à frente da gestão da unidade. O contrato em vigência se encerra no meio do ano e a tendência, conforme a secretária de Saúde, é que ele seja renovado.
Enquanto o Regional não funciona na totalidade, o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) segue sobrecarregado e sendo o único recurso para quem depende do SUS.
Cronograma no papel
Após o primeiro ambulatório, o segundo deveria ter sido aberto em até 90 dias e contaria com os serviços médico e fisioterápicos para quem precisa de reabilitação para tratamento de sequelas. Por fim, o terceiro ambulatório, que deveria estar em funcionamento no prazo de até um ano, foi projetado para ser referência em cuidados prolongados. Ou seja, para viabilizar a recuperação clínica e funcional de pacientes afetados por sequelas ou traumas.
No ano passado, o Estado fez o repasse de R$ 17,3 milhões para viabilizar, em até um ano, o começo das atividades.