Nas imediações do pedágio de Gravataí, na freeway (BR-290), trabalhadores com coletes de cor amarela fosforescente participam de treinamento que simula a sinalização de acidentes e a remoção de carros da pista. Nas cabines junto às cancelas, outros funcionários avisam aos motoristas que a cobrança das tarifas voltará a ocorrer. Registradas na manhã de terça-feira (12), as cenas são parte do ensaio que a concessionária CCR ViaSul promove antes de iniciar, de fato, os trabalhos de administração da rodovia que conecta Porto Alegre a Osório.
Depois de sete meses de cancelas erguidas, a cobrança dos pedágios de Gravataí e Santo Antônio da Patrulha começará à 0h de sexta-feira (15). Com isso, os motoristas que se deslocarem pela estrada terão à disposição, de imediato, o serviço de sete guinchos e três ambulâncias, além de canal 0800 para informações e avisos de urgência.
Em Santo Antônio, tarifa apenas rumo ao Litoral
Nos primeiros seis meses na via, a empresa planeja acelerar trabalhos emergenciais de conservação, como tapa-buracos e reparos no acostamento. Outras novidades levarão mais tempo, como a instalação de controladores de velocidade, cujo prazo vai até fevereiro de 2020. Segundo a CCR ViaSul, o número de equipamentos – não especificado no contrato de concessão – está em análise com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e será definido "nos próximos meses".
— A freeway é a rodovia mais importante do Estado. Será administrada de acordo com seu tamanho — promete o diretor-executivo da CCR ViaSul, Roberto Calixto.
A partir de sexta, a praça de Gravataí terá tarifa para automóveis de R$ 4,40 nos dois sentidos. Em Santo Antônio da Patrulha, inicialmente, o valor será de R$ 8,80, apenas na direção Porto Alegre-Litoral. A projeção é de que a cobrança ocorra nos dois sentidos a partir de agosto de 2020. Quando isso ocorrer, o preço atual na praça deverá ser dividido pela metade entre as duas direções.
A concessão da freeway e do trecho da BR-290 sobre a ponte do Guaíba, na Capital, integra a agora chamada Rodovia de Integração Sul (RIS), sob o guarda-chuva da CCR ViaSul desde janeiro. A RIS também contempla as BRs 386 (entre Canoas e Carazinho), 101 (de Osório a Torres) e 448 (Rodovia do Parque), nas quais a empresa deverá operar a partir de agosto com atendimento de guinchos e ambulâncias, por exemplo.
— A intenção é que as quatro estradas tenham o mesmo padrão de conservação e sinalização — diz Calixto, que estima em cerca de 1 mil o número de funcionários da companhia, entre diretos e terceirizados, ao final de 2019 no Rio Grande do Sul.
Prefeitos comemoram retorno de arrecadação
Ao longo de 30 anos, a empresa deverá investir R$ 13,4 bilhões nas quatro rodovias, mas ainda não detalha qual será a fatia destinada à freeway. Informa que, no momento, "está sendo feita avaliação das necessidades de cada trecho".
Em junho deste ano, a CCR ViaSul iniciará os trabalhos para deslocamento da praça de Gravataí. Hoje, está no Km 77 da freeway e, até agosto de 2020, deverá ser realocada no Km 60. Com a alteração, motoristas que saem da Capital poderão se deslocar até a região central da cidade vizinha sem pagar pedágio.
— Será uma alteração estratégica para a cidade. Dará impulso para a vinda de empreendimentos, especialmente em áreas como a de loteamentos — avalia o prefeito de Gravataí, Marco Alba (MDB).
A Secretaria da Fazenda do município estima que o fim da cobrança de pedágio desde julho do ano passado provocou perda de R$ 2 milhões em Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN). Em Santo Antônio da Patrulha, a prefeitura também relata prejuízos com cancelas erguidas.
— A volta da cobrança é muito positiva. Primeiro, pela arrecadação. Em um ano, o pedágio costuma gerar cerca de R$ 6 milhões à prefeitura. Segundo, porque os usuários da via terão de volta serviço de atendimento — diz o prefeito Daiçon Maciel da Silva (MDB).
Asfalto será prioridade
Melhorar a conservação do asfalto na freeway (BR-290) é uma das primeiras medidas que a CCR ViaSul promete para a rodovia. Com o fim do contrato anterior, com a Triunfo Concepa, em julho de 2018, buracos se proliferaram entre a Capital e Osório. De lá para cá, a manutenção coube ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
— De forma simultânea à operação da rodovia, começaremos os trabalhos de conservação. A ideia é fazer esforço inicial, nos primeiros seis meses, para termos as melhores condições possíveis — diz o diretor-executivo da CCR ViaSul, Roberto Calixto.
Na terça-feira, ZH percorreu os 98,1 quilômetros da freeway entre Porto Alegre e Osório. No percurso, deparou com buracos de outrora tapados. Também não havia grandes pontos de acúmulo de lixo nas laterais da estrada. Apesar dos sinais de alívio, a rodovia ainda concentra desníveis e fissuras no asfalto, como entre os Kms 73 e 74, no sentido Litoral-Capital, em Gravataí.
— A empresa está trazendo investimento para o Estado. Seja onde for, a economia anda de acordo com a infraestrutura disponível. Sem investimento em logística, não vamos a lugar nenhum — observa Paulo Menzel, especialista em infraestrutura da Agenda 2020.